2018 foi
um ano de leituras relativamente medianas, mas que ainda assim trouxe boas
surpresas e algumas semelhanças com o ano anterior. Por exemplo, assim como em
2017, apenas 3 livros foram avaliados com nota máxima; além do que, três
autores do ranking anterior permaneceram entre os dez melhores deste ano
(curiosamente, Eça de Queirós obteve pela segunda vez consecutiva a 10ª
colocação). Confira os 10 contemplados do ano e comente se você já leu ou
pretende ler algum deles! Todos eles têm a minha aprovação ;)
A presença
de um livro avaliado com “3 estrelas” nesta lista já é uma prova de que o ano
não foi fácil (ou serei eu que tenho ficado muito exigente?). A Capital tinha tudo para ser outra
obra-prima de Eça, mas infelizmente o autor d’Os Maias só teve vida suficiente para retocar metade do longo
manuscrito do romance. Mesmo assim, foi uma experiência incrível (ainda que
sofrida) acompanhar a desventurosa trajetória de Artur na busca pelo sucesso através
da Literatura.
Minhas
primeiras experiências com Dickens têm produzido efeito bastante positivo e
promissor. É como se, através das narrativas curtas, estivesse me preparando
para conhecer a genialidade de seus romances colossais, como Grandes Esperanças e David Copperfield. O Grilo da Lareira, um livro para todas as idades, trouxe para o meu
natal mensagens de otimismo e esperança, mas sobretudo amor.
Esta obra
teatral (primeira escrita em solo cearense) foi uma das maiores surpresas do ano.
Juvenal Galeno mostrou-se em sua única produção enquanto dramaturgo um
verdadeiro talento de nosso teatro. A peça, de enredo simples e cativante,
mantém o leitor/espectador atento, seja pela agilidade das cenas, seja pela
graça com que é executada.
O entusiasmo
provocado por A Lagoa Azul levou-me
até este romance de aventuras de Stacpoole (a única outra obra dele que
localizei em português). A genialidade do romancista em fazer o leitor
acreditar numa situação bastante improvável é digna de nota, além, claro, da
brilhante sequência de cenas acidentadas que nos levam a temer pela vida do simpático
protagonista.
Este livro,
como sua autora, são a prova do quanto posso apreciar uma boa literatura de
puro entretenimento. Esta escritora italiana, que precisa ser redescoberta o
quanto antes, é dona de um estilo tão envolvente, que passamos as páginas de
seus livros com sofreguidão. Estou me sentindo um órfão da Sra. Lenardon (de
Stacpoole também rs), pois não tenho outros títulos seus para devorar. Torço
para que – algum dia – uma boa alma traduza A
Veneziana para nosso idioma. Deixem-me sonhar rs!
Nunca houve
um ano em que lesse Aluísio Azevedo e seu nome não figurasse entre as melhores
leituras deste. Em 2018 isso quase acontece, pois até hoje não digeri muito bem
as ideias de dona Olímpia em Livro de uma
Sogra. O Homem, última leitura do
ano, veio preservar a tradição e confirmar meu respeito e culto por este gênio
maior de nosso Naturalismo.
Primeiro
romance brasileiro e primeira surpresa do ano. Muito me admira que a crítica
tenha desdenhado tanto este livro sem precedente em nossas letras. Teixeira e
Sousa, apesar de seus inquestionáveis problemas estéticos, surpreende por uma
porção de fatores: a escolha dos temas, a delicadeza da escrita, as técnicas
narrativas e, sobretudo, a militância no que diz respeito à condição da mulher,
numa época em que o termo “feminismo” ainda nem existia.
Outro que
não foi surpresa estar aqui. Sou apaixonado pelo estilo de Bernardo Guimarães e
pelo seu poder de ambientação, fazendo com que o leitor se sinta dentro do
cenário de suas histórias. Primeiro romance regionalista da literatura brasileira,
O Ermitão do Muquém é o tipo de livro
que cativa do início ao fim, não admitindo intervalos ou oscilações no
interesse pela trama. Simplesmente magistral!
A cada
capítulo que lia deste livro, pensava: “Foi escrito pra mim”. Há quem pense que
literatura romântica compreende tarefa mais fácil, mas D. Júlia nos mostra com A Intrusa que uma história de amor pode
ser trabalhada de formas bastante peculiares, como no caso da mocinha estar
proibida de aparecer. Fiquei tão apaixonado por este livro, que lamentei ser
ele tão curtinho, mas sempre suspeitando de que estava na medida certa.
Depois de
certo tempo, duvidei que um livro me fizesse chorar. Tudo fazia crer que tinha
razão. Por mais emocionado que ficasse, chorar estava fora de cogitação. Foi aí
que apareceu Zezé e me mostrou que eu posso sim ser um grande chorão. Não
estava nos meus planos ler este livro em 2018. Peguei-o quase que por
coincidência. Agora penso que, às vezes, são pequenas escolhas que fazemos que
nos tornam mais felizes.
Daniel Coutinho
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Escreva para o blog: autordanielcoutinho@gmail.com
gente, desconhecia esse livro do Dickens. Como assim? hahahah
ResponderExcluirMeu pé de laranja lima é amor, eu o considero como a primeira leitura que fiz, realmente marcante.
Amo esses títulos super diferentes que vc sempre nos traz
grande abraço
Não entendo como demorei tanto pra ler "O Meu Pé de Laranja Lima", mas é o tipo de livro que não perdeu absolutamente nada com essa demora. Já quero ler mais desse autor!
ExcluirLeio umas coisas diferentonas e tenho feito muitas descobertas legais, outras nem tanto rs. Abraços, Leila!
Ah esqueci de deixar meu nome, hehehe
ResponderExcluiré a Leila