Ainda lembro com carinho a primeira vez que li Juntos para Sempre (1997), da escritora
norte-americana Cameron Dokey. Foi na sétima série. Era um dos livros
obrigatórios do semestre, mas definitivamente a experiência não foi em nada
ruim. Acabou se tornando um dos queridinhos da turma, curtido até por quem não
gostava de ler. É um livro bastante recomendável para adolescentes e pode
funcionar como uma excelente porta de entrada ao universo fantástico da
literatura.
A escrita de Cameron é simples, mas bem
elaborada, muito longe da vulgaridade do romance de banca sugerida pela capa.
Com bom humor, fina observação e diálogos cativantes, entramos facilmente no
clima da história: a atmosfera fria e romântica de Seatlle. O tema da astrologia
como pano de fundo é tratado na medida certa, de modo a não desgostar os desinteressados
por horóscopo.
Chama bastante atenção a técnica narrativa da
autora, que intercala a tarefa de narrar entre Natalie e Dean. A linearidade
com que segue o enredo, mesmo intercalando os narradores, é um exercício admiravelmente
bem executado. O recurso só é descartado no desfecho da trama, cabendo a
Natalie narrar os dois capítulos finais, o que não desmerece todo o trabalho
anterior.
Li e reli Juntos
para Sempre tantas vezes até os quinze anos, que seria impossível não ter
sido literariamente influenciado por sua magia estelar. O romance de Natalie e
Dean, como o de seus amigos Jayne e John, acabou ganhando reflexos bem vivos n’O Senhor Irineu, meu primeiro livro. A
técnica de intercalar passado e presente na história foi-me inspirada
justamente pelo jogo de narradores realizado por Cameron.
Na história, Natalie, após sofrer uma grande
desilusão amorosa, encontra na astrologia uma explicação bastante lógica para o
rompimento de seu namoro. Garth, seu ex-namorado, era do signo de gêmeos, o
menos compatível com o seu (escorpião). Agora ela precisa encontrar um homem do
signo de touro, sua combinação perfeita.
Dean, o aluno novato, apresenta todos os
indícios de ser o taurino ideal, mas, para a infelicidade de Natalie, seu maravilhoso
pretendente é outro geminiano. O rapaz, contudo, está disposto a provar para
Natalie que, independente do signo, poderá ser o parceiro com o qual ela sempre
sonhou.
É nesse formato de comédia romântica que a
história segue, com um ou outro exagero, é verdade, mas não ao ponto de
aborrecer o leitor. Enquanto adulto, tendia a julgar certas situações como
incoerentes, esquecendo-me de que Natalie e Dean eram apenas dois adolescentes,
com todos os tropeços e excessos da idade.
Recomendo pois fortemente este romance para
adolescentes e jovens que apreciam uma boa e divertida história de amor. Além
de se apaixonarem pelo casal principal, com um pouco de sorte, poderão se
apaixonar também pelo fascinante mundo dos livros... que nem eu.
Avaliação: ★★★★★
Daniel Coutinho
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