quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

TOP 10 - MELHORES LEITURAS DE 2020!!!

2020 foi um ano histórico onde todos tiveram suas vidas mudadas. Mas, apesar de tantos episódios tristes, este ano foi um dos mais importantes na minha história. Muitos acontecimentos desviaram minha concentração dos livros. Mesmo assim, consegui encerrar o ano com cinquenta leituras concluídas, o que me deixou bastante satisfeito. Listar os dez melhores títulos de cada ano é sempre prazeroso, mas neste especificamente a experiência foi reveladora, pois mostrou-me mais do que nunca o quanto a literatura é um fator importante na minha vida. Nos melhores e piores momentos, os livros estiveram presentes. As leituras deste ano, boas ou ruins, foram companheiras de momentos inesquecíveis. Em nenhum outro ano eu me senti tão privilegiado por ser um leitor. Costumo dizer que livros são longas conversas que escolhemos ter com pessoas quase sempre incríveis. É pois uma enorme satisfação compartilhar com vocês dez das melhores conversas que tive no complexo ano que felizmente termina hoje.

 

# 10º lugar O ÍNDIO AFONSO, de Bernardo Guimarães (4 estrelas)


Ler Bernardo Guimarães é garantia de uma prosa boa e envolvente. É sentar-se à sombra de um alpendre e deleitar-se com a fantasia imaginativa do sertão. As aventuras e peripécias protagonizadas por Afonso divertem e encantam na proporção que nos transportam para tempos lendários e saudosos.

 

# 9º lugar CROMA, CAMINHO DE VIDA, de Regis Castro (4 estrelas)


Embora a leitura desse livro tenha sido bastante satisfatória, acabei me sentindo meio roubado ao me deparar com um tema sobre o qual há tempos cogitava escrever. O que me conforma é ver que o trabalho de Regis ficou tão bom, que me dispensou totalmente da tarefa. O conflito de Fernando Torres, embora tratado mais apressadamente nos capítulos finais, é ricamente explanado por este prosador brasileiro injustamente negligenciado pela crítica.

 

# 8º lugar →  O MENINO DO PIJAMA LISTRADO, de John Boyne (4 estrelas)


Quando um livro contemporâneo se torna muito famoso, eu automaticamente perco o interesse por ele, salvo raras exceções. Mas, se mesmo depois de anos, o mesmo livro continua sendo relevante entre os leitores, meus olhos acabam se voltando para ele. Se você é leitor, provavelmente você já terá lido/ouvido falar na obra máxima de John Boyne. Antes da leitura, já estava prevenido de que ele partiria meu coração, mas sinceramente não contava que precisasse levar isso tão a sério.

 

# 7º lugar A TEIA DE CHARLOTTE, de E. B. White (4 estrelas)


Não é segredo pra ninguém que clássicos infantis estão entre os meus favoritos da vida. Um detalhe que sempre me chama atenção é de como esses livros privilegiam o tema da morte em seus enredos. Antigamente achava que a ideia era abordar um tema tão delicado entre crianças, mas hoje percebo que, diante da morte, todos nós somos crianças medrosas que se esforçam por lidar melhor com o misterioso desfecho de nossa existência.

 

# 6º lugar A BEATA MARIA DO EGITO, de Rachel de Queiroz (4 estrelas)


Que Rachel de Queiroz foi uma notável romancista, disso eu já sabia. Que foi uma exímia dramaturga é que me soou como novidade. Pena é que tenha produzido tão pouco nesse campo. Contudo, as duas únicas peças que nos legou comprovam a força de seu talento para o teatro. Se a primeira, Lampião, desagradou-me por trazer uma figura que antipatizo, A Beata Maria do Egito compensou-me por me parecer uma verdadeira obra-prima do teatro nacional.

 

# 5º lugar O SIMAS, de Pápi Júnior (4 estrelas)


O Simas foi uma das leituras mais aguardadas da minha vida. Há muitos anos procurava por uma edição dele, e em 2020 finalmente isso foi possível. Foi inevitável criar grandes expectativas quanto ao romance mais famoso de Pápi Júnior, mas felizmente elas foram devidamente atendidas e, ouso dizer, até superadas. O Simas é de uma expressividade rara em nossas letras. Talvez seja Adolfo Caminha de quem mais se aproxima seu estilo realista e romântico ao mesmo tempo. É, em resumo, uma autêntica obra de arte.

 

# 4º lugar TENTAÇÃO, de Adolfo Caminha (4 estrelas)


Outra leitura bastante ansiada foi este último romance de Adolfo Caminha, mas, diferente d’O Simas, este estava sendo guardado/poupado propositalmente. Mesmo que não possa equiparar Tentação aos dois romances que eternizaram o nome de Caminha, arrisco dizer que ele tem um brilho especial que faltou aos outros. Nele, os arroubos do Naturalismo se rendem às delícias da escola romântica, mas longe, muito longe de cair num pieguismo previsível e açucarado.

 

# 3º lugar MEMÓRIAS DE MARTA, de Júlia Lopes de Almeida (5 estrelas)


Se eu ainda tinha alguma dúvida quanto a D. Júlia ter entrado para o rol de meus autores favoritos, ler seu romance de estreia confirmou em definitivo meu apreço pela autora de A Falência. Surpreendeu-me que ela, em sua primeira obra de fôlego, já demonstrasse tanto talento artístico. Não acredito sinceramente que Memórias de Marta se sobreponha, em qualidades literárias, a obras como Tentação e O Simas, mas o acabamento e concisão que D. Júlia dá ao seu primeiro romance sobrepujaram um Caminha mais experiente e um Pápi Júnior – conquanto igualmente estreante – verborrágico e prolixo.

 

# 2º lugar PSICOSE, de Robert Bloch (5 estrelas)


Quem acompanha minhas resenhas sabe que não é tarefa fácil para qualquer autor passar pelo meu crivo sem sair ileso de observações. Deste trabalho primoroso de Robert Bloch, que já mereceu uma das melhores adaptações da história do cinema, o que dizer? Um livro perfeito? Obviamente que não. Mas sem dúvida uma obra bem acabada, sem excessos, sem pontas soltas e plenamente satisfatória.

 

# 1º lugar O JARDIM SECRETO, de Frances Hodgson Burnett (5 estrelas)


Quando decidi ler O Jardim Secreto, já previa que o mesmo se tornaria uma das melhores leituras do ano, mas ver que ele se tornou simplesmente a melhor não deixa de ser uma grata surpresa, principalmente por ser de autoria feminina e de autora nascida no século XIX. É um clássico que dispensa apresentações e que eu recomendaria de olhos fechados a toda e qualquer criança. As mensagens de amor e amizade difundidas neste livro... É disso que o mundo precisa.

 

Daniel Coutinho

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