Conheci a obra de Bruno Paulino ano passado
quando li Pequenos Assombros, que me
permitiu divisar um escritor promissor. Só não julgava confirmar tal impressão
por uma obra anterior.
A
Menina da Chuva (2013), já em 2ª edição, é uma coletânea de
crônicas, segunda de seu autor, que mescla humor e poesia de maneira
formidável. Arrisco dizer que o autor nos cativa desde a primeira crônica, que
dá título ao livro, e nos mantém presos (sem nenhum esforço) até o poema que
encerra o conjunto.
Pareceu-me que um menino, desgrenhado e
descalço, pegava-me pela mão e me levava por uma cidade toda azul, cheia de
corrupiões e borboletas amarelas. Em nosso percurso poético, contemplamos
tantas belezas, que acabamos descobrindo ser possível entender as lições da
vida em momentos felizes, de alegria simples.
Enquanto lia as crônicas d’A Menina da Chuva, esquecia-me que se tratava de obra de autor
contemporâneo. É que os escritores atualmente parecem estar tão concentrados
nas vilanias e torpezas do caráter humano, que temos a impressão de que a
literatura de hoje é a mais pessimista de todos os tempos.
Ouvi uma vez uma grande baboseira (não lembro
mais de quem) sobre a incapacidade de atrair leitores com assuntos amenos. O
livro de Bruno é prova cabal contra esse tipo de comentário. Afinal, imagino
que não devo ter sido o primeiro leitor a se impressionar com a delicadeza de
seu estilo otimista.
A crônica de Bruno transita entre a memória e a
poesia, animada por um leve toque de humor. É como se, a partir de uma
lembrança, lhe fosse sugerido um tema, a matéria de seus textos. As
experiências pessoais são trabalhadas e convertidas numa literatura leve e
aconchegante, que reflete o que há de melhor no mundo: gentileza, felicidade, família,
amigos, amor... (Bruno talvez incluísse videogames aqui, mas esta resenha é
minha!).
Seria muito trabalhoso destacar as crônicas de
que mais gostei, já que nenhuma me desagradou em absoluto. Não estou dizendo
que A Menina da Chuva é um livro
perfeito. Não escaparam ao meu radar os descuidos de linguagem, erros de
revisão e problemas de editoração do texto. Mas conforme já questionei na
resenha d’Os Dois Amores, do querido Macedo
(outro otimista): o que representam essas falhas diante de tanta grandiosidade
a ser apreciada?
É uma grande felicidade saber que ainda há quem
escreva livros como o do Bruno. Obrigado, cronista, por me fazer lembrar de que
o mundo pode ser bom, mas tão bom, que nem carece de ser entendido.
Avaliação: ★★★★★
Daniel Coutinho
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