sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Em Algum Lugar... (2ª edição mais correta) - Adquira já o seu!


Acaba de chegar a 2ª edição mais correta do meu "Em Algum Lugar..." e está lindíssima!!!

Trata-se de minha primeira incursão pelo gênero "conto", gênero este que tanto aprecio.

Os leitores mais antigos devem estar lembrados que publiquei esta obra ano passado na XII Bienal Internacional do Livro do Ceará, graças a uma seleção acadêmico-literária voltada para os professores da rede pública estadual.


A pequena tiragem, que logo se esgotou, acabou sendo insuficiente, mas o livro finalmente está de volta: com um novo projeto gráfico, uma diagramação mais decente, além de ter passado por uma acurada revisão que não pude fazer na edição anterior.


Na época em que tinha canal no Youtube, gravei dois vídeos especiais comentando a experiência de escrita e lançamento da obra. Para quem porventura ainda não tenha visto, aí estão eles.





SINOPSE

"Em Algum Lugar..." é uma coletânea que enfeixa vinte contos de variado estilo. O volume abre-se com o fantasioso "Entrada franca", que narra uma perseguição psicológica: uma desconhecida que, perdida numa floresta, tenta escapar de algo que nem mesmo ela pode definir. Encontrando refúgio num misterioso jardim, ela procura libertar-se de toda e qualquer opressão, e acaba adormecendo. Os dezoito contos que se seguem seriam os supostos “sonhos” da perseguida. Nada têm eles em relação um com o outro. Os contos se apresentam como histórias independentes e manifestam diferentes temáticas. A coletânea se encerra com "Sem saída", que faz um retorno ao primeiro conto, na tentativa de descobrir o grande segredo do livro, que é desvendar o tal lugar de que fala o título, além de mostrar quem é a perseguida e do que ela foge.
 
ADQUIRA SEU EXEMPLAR!!!

Quem tiver interesse em adquirir uma cópia desta nova edição (que está mesmo linda!), solicite através do e-mail: autordanielcoutinho@gmail.com

Para quem preferir o livro digital, compre pela Amazon:

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Quem finalizar a leitura, por favor, não deixe de comentar comigo o que achou. Pode até fazer resenha, mesmo que seja que nem uma daquelas que ocasionalmente aparecem por aqui rs!

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Quem com Ferro Fere, com Ferro Será Ferido, de Juvenal Galeno - RESENHA #85

Decidi empreender a nobre tarefa de ler a obra completa de Juvenal Galeno em ordem cronológica. Há pouco tempo, li Prelúdios Poéticos (1856), marco inaugural do Romantismo no Ceará. A obra seguinte foi também de grande importância para nossas letras, em razão de ter sido a primeira produção teatral escrita em solo cearense. Trata-se de Quem com Ferro Fere, com Ferro Será Ferido, provérbio em um ato, escrito em 1859, encenado pela primeira vez em 1861, mas publicado em livro somente em 2010.

Única realização de Galeno enquanto dramaturgo, Quem com Ferro Fere... teve relativo sucesso nos palcos, dada a quantidade de representações executadas. Mesmo possuindo um enredo muito simples e personagens estereotipados, a obra é carregada de denúncia social, além de retratar com bastante fidelidade os tipos e costumes da Terra da Luz no período monárquico.

No pequeno drama, Luís é um humilde agricultor que padece, além da doença da esposa, o despotismo do tenente Amorim, que deseja ultrajar a honra de sua filha Maria. Esta, noiva de Francisco, precisará ter suas núpcias adiantadas, para que se ponha termo à maledicência popular. O tenente Amorim, no entanto, planeja criar uma situação que resulte na prisão de Luís e no recrutamento de Francisco, para que Maria fique inteiramente sob seu domínio.

É com muita graça e uma surpreendente perícia que o autor desenvolve a peça com sequências rápidas e movimentadas. Os personagens estão sempre entrando e saindo de cena, cumprindo cada um deles com seu papel, segundo as intenções do autor. Há uma preocupação de Galeno em tornar os tipos realistas, seja por aquilo que fazem em cena (Maria cosendo, Luís debulhando milho, Amâncio fazendo fogueira) ou pelas situações referidas (Maria na missa, Luís no roçado).

A crítica central concentra-se na situação do pobre perante o despotismo das autoridades locais que, segundo seus interesses particulares, prendiam e recrutavam pessoas deliberadamente, além de não atenderem às próprias leis regidas pela Constituição do Império. Se por um lado, a peça mostra a resistência de uma família que zela pelos seus valores, por outro, temos personagens desiludidos e desesperançados como o bêbado Tomaz, que busca esquecer as misérias da pobreza no álcool, acompanhado de sua viola alegre e brejeira.

Ainda que o desfecho seja excessivamente artificial e improvável, não perde aquele tom teatral que entretém o público, além de manter-se fiel à proposta sugerida no provérbio-título. Com ser a primeira mostra de dramaturgia escrita no Ceará, temos um texto e uma história excelentes e dignos do autor das Lendas e Canções Populares (que será lido ano que vem rs!).

Avaliação: ★★★★

Daniel Coutinho

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quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Amor que Mata, de Visconti Coaracy - RESENHA #84

Visconti Coaracy (1837-1892) é geralmente lembrado pela polêmica que teve com José de Alencar em 1874, graças à adaptação teatral que fez do romance O Guarani, da qual Alencar não recebeu sua parte em direitos autorais. Ninguém contudo se lembra de sua produção ficcional, que se perdeu nas colunas dos vários periódicos para os quais Coaracy colaborou em mais de quarenta anos de vida jornalística.

Em 1873, porém, submeteu uma novelinha sua para publicação num clube de assinatura, Bibliotheca Brazileira, que então estreava. Amor que Mata parece não ter interessado o público, sofrendo a condenação de tornar-se uma referência obsoleta. Cabia a mim desencavar essa história do esquecimento rs.

O romancete de Coaracy, tal como A Corveta Diana, é visivelmente influenciado pela pena do Dr. Macedinho, mas sem os atributos imaginativos de Hoonholtz. Trata-se de uma historinha inevitavelmente fadada ao esquecimento instantâneo. Talvez funcione como passatempo, mas daqueles que não se podem levar a sério mesmo, e que se leem pela falta de coisa melhor, ou por pura obstinação, o que é o meu caso rs.

No enredo, temos Luiz, um protagonista desiludido com o amor. Após pôr em dúvida as qualidades físicas e morais de Isabel, jovem viúva, esta decide vingar-se alimentando uma paixão ardente no jovem mancebo. Isabel, que também ignorava o amor, acaba apaixonada pelo insolente moço que, convencido dos belos atributos da viúva, está disposto a conquistá-la, mas o orgulho de ambos poderá levá-los a um destino infeliz e fatal.

A experiência jornalística do autor é o que acaba lhe valendo em sua narrativa sensaborona. Sua escrita é inegavelmente fluente e bem delineada, faltando-lhe no entanto verve suficiente para desenvolver uma boa trama. Até mesmo a estrutura do livro, cujos capítulos compreendem uma sequência de episódios ligeiros, é interessante, até o momento em que se depara com um enredo deficiente e problemático.

O narrador, que não soube se haver com os protagonistas, embananou-se de verdade com os personagens secundários, precipitando a relação amorosa entre Pedro e Eulália, além de sugerir um destino fatal a um personagem tão pouco lutuoso como o Sr. Dolby.

Desconfio que Coaracy tenha pago um favor ou mesmo uma dívida com seu Amor que Mata, já que não lhe pude reconhecer qualquer intenção artística. Talvez só quisesse entregar uma historinha de oitenta páginas (sabe-se lá com que fim) a um desses editores desleais que mal sabem o que publicam. Uma pena! O delineado de sua frase poderia ter lhe rendido mais... ou não rs?

Avaliação: ★★

Daniel Coutinho

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sábado, 3 de novembro de 2018

A Corveta Diana, de Antônio Luís von Hoonholtz - RESENHA #83

Antônio Luís von Hoonholtz (1837-1931) foi um importante almirante brasileiro, herói da Guerra do Paraguai, que se dedicou a diversas atividades de relevância nacional, o que lhe rendeu, por exemplo, o título de “barão de Tefé”. É também lembrado por ter sido pai da caricaturista Nair de Tefé, a segunda esposa do presidente Hermes da Fonseca.

Hoonholtz, afora suas mil atividades de fôlego, era ainda um amante das letras, tendo sido um grande leitor de poetas e prosadores nacionais e estrangeiros. Seus entusiasmos literários levaram-no à ousadia de escrever seu próprio romance que, segundo ele, era na verdade uma “memória” de acontecimentos reais. Consciente do pouco valor de sua obra, mantivera-a guardada por dez anos, até que seu irmão José Paulino, o Juca, depois de ler o manuscrito, decidira mandar imprimir o livro sem comunicar nada a Antônio. Ao que parece, o romance intitulado de A Corveta Diana (1873) não chegou a ser comercializado, pois a pequena tiragem que dele se fez foi toda destinada aos amigos mais próximos do autor.

Adepto da escola romântica, servindo-se dos modelos bebidos em Teixeira e Sousa e Joaquim Manuel de Macedo, Hoonholtz nos apresenta uma narrativa sentimental e previsível, mas divertida e agradável. Sua escrita é até bastante cuidada para um homem que não era do meio, o que para mim foi uma grata surpresa. A Corveta Diana é pois o que chamo de passatempo literário, mas que preza por uma linguagem e estilo cativantes. Os únicos entraves que tive durante a leitura foram o jargão náutico utilizado nas cenas marítimas e a reprodução do sotaque português do personagem Jorge.

O romance nos apresenta Amélia, uma bela órfãzinha de dezessete anos, que vive na companhia das irmãs Chiquinha, Quinota e Mariquinhas, esta última casada e mãe de três filhos. As meninas decidiram evitar passeios e divertimentos até que a morte da mãe completasse um ano, sujeitando-se a uma vida monótona e desinteressante. A chegada da corveta Diana naquela sossegada praia catarinense viria tirá-las do tédio.

O comandante Otávio, moço muito simpático, logo dá-se a conhecer e faz a apresentação de seus amigos oficiais: o velho comissário Ricardo, o piloto Gustavo, o escrivão Adriano, o guarda-marinha Fernando, o Dr. Alberto e o segundo-tenente Alfredo, que preferira isolar-se de todos, separando-se das senhoras com um breve aceno. Tal atitude chamara a atenção de Amélia, que imediatamente considerou o moço um orgulhoso.

Nossa protagonista é na verdade uma romântica sonhadora que espera pela chegada de um homem ideal. Desapontada com os oficiais que conhecera, ela sofre uma amarga desilusão que lhe tira o sono. Recostada na janela do quarto, Amélia tem seus pensamentos interrompidos pelo som de uma voz que canta a ária do Ernani. Era Alfredo quem passava e que ganhava, a partir daquele momento, o interesse da jovem. Daí surge uma profunda afeição entre os dois.

Mas como em toda boa história romântica, não poderíamos deixar de ter um vilão horrendo e perverso. Aqui, quem assume este papel é o desprezível Dionísio, que tendo idade para ser pai de Amélia, dirige seus galanteios à bela órfã. Percebendo-se rejeitado em benefício de Alfredo, Dionísio faz uso de suas influências para obter a retirada da Diana. Com a partida do tenente, ele empenha-se em tecer um plano de vingança, objetivando a desonra de Amélia.

Mesmo tendo um enredo tipicamente folhetinesco, o romance de Hoonholtz revela um observador sensível e atento. Para além das fórmulas de segredos do passado que são revelados e passagens apelativas que vão de um matricídio a um quase incesto, o autor nos brinda com cenas cheias de carisma e sensibilidade, como o passeio de Alfredo pelas ruas do Desterro (hoje Florianópolis) ou a conferência íntima onde os oficias trocam confidências pessoais. O capítulo em que Otávio conta a história de seus amores com Julieta e o Dr. Alberto compartilha a sua inovadora teoria de conquista é um verdadeiro tributo a Macedo, de quem Hoonholtz devia ser grande admirador.

Não esperava mesmo encontrar as qualidades que me revelou A Corveta Diana. O almirante provou que, mesmo carecendo de talento estilístico, possuía uma escrita desembaraçada e correntia. Desejei ler seu drama naval A Justiça de Deus, mas não o localizei. Fiquei com esta impressão final de que Hoonholtz devia ser aquele cara sério de casca grossa que encobre um coração generoso, delicado e dócil.

Avaliação: ★★★

Daniel Coutinho

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