segunda-feira, 24 de setembro de 2018

O Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos - RESENHA #78

O Meu Pé de Laranja Lima (1968) é uma história de amor. Mas não é o tipo de história em que a mocinha encontra seu herói, casam-se e vão viver felizes. Também não se trata de amores impossíveis que acabam terminando em tragédia. Aliás, não temos aqui a história de um casal. Temos, sim, uma história de amor e não de amizade – como muitos pensam – entre um menino e um senhor.

Notadamente autobiográfico, o livro apresenta os nomes reais de todos ou quase todos os tipos retratados por José Mauro de Vasconcelos. Ele mesmo é protagonista de sua obra, sendo designado nela por Zezé, carinhoso apelido de infância. Difícil é precisar até que ponto temos a experiência real do autor em confronto com os elementos ficcionais do romance. Talvez só José Mauro pudesse nos esclarecer este ponto. Teria adorado conhecê-lo ou pelo menos ler sua biografia, já que sua vida foi no mínimo interessante.

Mas passando ao livro em questão, temos uma obra profundamente emotiva que joga com a sensibilidade do leitor. Dificilmente alguém sairá ileso desta leitura, tantas são as emoções despertadas a cada capítulo. É como se estivéssemos diante de um belo álbum de família que contempla páginas tristes e felizes, melancólicas e engraçadas, objetivas e poéticas. Assim, vamos conhecendo a história do pequeno Zezé, um garoto de cinco anos tão especial que, mesmo sendo pobre, com inteligência e imaginação, aprende a ler sozinho, possui um passarinho dentro de si que lhe diz coisas e passeia pela Europa sem sair de seu quintal.

O único defeito de Zezé é ele ser afilhado do diabo, como dizem, em razão de seu comportamento arteiro e indomável. Não é que Zezé seja mal, mas como ele mesmo revela, o diabo lhe dava ideias que deixavam todo mundo de cabelo em pé. As travessuras do garoto não são bem recebidas pela família, que enfrenta sérios problemas. Com o pai desempregado, a mãe acaba sendo obrigada a trabalhar o dia inteiro numa fábrica. A pobreza também obriga a família a mudar para uma casa mais barata.

Na nova casa, Zezé encontrará um amigo ainda mais especial que seu morcego Luciano: um pequeno pé de laranja lima que é capaz de se comunicar com ele. A árvore acaba se tornando o confidente do garoto, que desabafa a angústia de perceber que todos o rejeitam e de que ninguém o compreende. Os pais e quase todos os irmãos de Zezé são intolerantes com suas peraltices, impondo-lhe castigos severos e impiedosos. Contudo, o afeto e a ternura que lhe são negados em casa serão ofertados por um taxista português chamado Manuel Valadares.

Este senhor, carinhosamente chamado de Portuga, é provavelmente viúvo, possuindo apenas uma filha casada que mora num bairro distante. A situação de Zezé o comove de tal forma, que ele se prontifica a ajudar o garoto em tudo. Portuga não contava, porém, ser conquistado por aquele menininho excepcional. À medida em que se conhecem, uma relação de amor vai se fortalecendo entre os dois, ao ponto de se preocuparem com a vida um do outro. Até Minguinho, o pé de laranja de lima, fica enciumado.

A propósito de Minguinho, enquanto realizava a leitura, achava que o autor pecara por ter se descuidado dele. Como o foco passara a ser Zezé e o Portuga, Minguinho acaba mesmo ficando de lado, sendo mencionado apenas ocasionalmente. Mas felizmente estava enganado. A ideia sugerida pelo título da história tinha um alcance maior do que eu poderia supor; e quando se atinge essa percepção, é simplesmente estupendo!

Não gostaria jamais de interferir na experiência que qualquer leitor possa ter com este livro. Só advirto que prepare seu coração antes de acompanhar Zezé em seu mundo fascinante, repleto de sonho e imaginação. Ao final, todo o percurso terá valido a pena e, com um pouco de sorte, você poderá sentir que é uma pessoa melhor, e que O Meu Pé de Laranja Lima é uma das mais lindas histórias de amor que já leu.

Avaliação: ★★★★★

Daniel Coutinho

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sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Devoção (Devotion), de Patti Smith - RESENHA #77

Às vezes, quero crer que minha antipatia pela literatura contemporânea explica-se na hipótese de que tenha lido os autores errados. É uma boa hipótese, sei. Mas se for mesmo isso, a verdade é que continuo lendo os autores errados. Não estou querendo generalizar, claro. Acredito que ainda existem muitos escritores bons e, inclusive, pretendo ser um deles. O que me faz cismar é: por que os escritores do passado eram tão infinitamente melhores?

Minha mais recente experiência com autores vivos talvez não tenha sido realmente a melhor escolha, mas como realizo minhas leituras movido por uma coceirinha chamada curiosidade, cheguei à novelinha Devoção (2017), da cantora norte-americana Patti Smith, que é mais conhecida por sua carreira musical, pelos seus poemas e livros de memórias. Não tenho notícia de outros trabalhos ficcionais de Patti e, depois desta última leitura, sinceramente, não fiquei interessado em saber.

Devoção conta basicamente a história de uma menina de dezesseis anos que abandona os estudos para patinar no gelo. Eu teria preferido ler o conto dos três porquinhos. Por falar nisso, ainda não li a versão clássica do australiano Joseph Jacobs. Prometo fazer resenha assim que ler! Concordo com alguém – que agora não lembro – que disse que, numa obra literária, o importante não é o tema, mas o tratamento que se dá a ele. Se não gostei do tema escolhido pela autora, prefiro não comentar o que achei do tratamento rs. Mas antes que alguém possa questionar, não, eu não acho que Patti escreve mal. Sua escrita é mesmo atrativa e nela reconhecemos claramente a influência poética e musical.

O problema de Patti ao arriscar-se com a prosa foi achar que teria as mesmas licenças gozadas pela poesia. Mesmo quando se escolhe o caminho do fantástico, o que não foi o caso, o prosador precisa atentar-se para o quão convincente será para o leitor o enredo traçado. Se involuntariamente provoca-se uma brecha para o inconcebível, faz-se necessária uma explicação ou justificativa que não desmereça a inteligência do leitor.

A protagonista Eugenia é separada dos pais que são levados da Estônia para um campo de trabalho na Sibéria, durante a ditadura de Stalin. Eugenia, que não tinha nem cinco anos, vai morar com sua tia Irina e o esposo dela, Martin, na Suíça. A garota torna-se uma boa estudante e descobre sua grande paixão: a patinação no gelo. Após a morte de Martin, Irina relaciona-se com outro homem, Frank, com quem decide morar em outro país, deixando apenas algum dinheiro para Eugenia, além do chalé que Martin havia comprado para elas.

Ainda que a autora tente justificar o comportamento de Irina, alegando que a mesma só ficara com a sobrinha por imposição, não me pareceu convincente que ela, pelo caráter que lhe é atribuído, possa ter abandonado Eugenia, com quem convivera desde o nascimento, sem maiores preocupações. E o que dizer sobre uma garota de significativa inteligência que abandona os estudos só para patinar? Alguém poderia citar a vulnerabilidade da personagem, sozinha, sem ninguém que olhasse por ela. Estranho mesmo é que, mesmo vivendo ali por aproximadamente dez anos, Eugenia não tivesse contraído nenhuma relação amistosa com alguém que pudesse auxiliá-la.

Para deixar a narrativa “mais interessante”, Eugenia é descoberta por Alexander, um excêntrico caçador e vendedor de antiguidades. Este oferece seu apoio e a oportunidade de praticar patinação com uma treinadora particular. A proposta é claramente indecente, mas Eugenia, que achava que seus professores não poderiam lhe ensinar mais nada, acaba cedendo à oferta de Alexander, até que este, depois de reconhecer que o talento da garota poderia levá-la para longe, decide investir numa relação aparentemente possessiva.

Os meios que Eugenia escolhe para libertar-se de seu “protetor” não são os mais originais e acarretam consequências igualmente previsíveis. Ao final, só conseguia pensar: “Mas isto é inadmissível!”, ao tempo em que me decidia se avaliaria a novela com uma ou duas estrelas. A propósito dessas avaliações, penso que daria um texto interessante esclarecer os meus critérios; o que acham? A escrita poética de Patti definiu a avaliação da narrativa, o que me leva a crer que provavelmente seus livros de poesia e suas composições musicais têm mais valor artístico que suas tentativas ficcionais.

Avaliação: ★★

Daniel Coutinho

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terça-feira, 11 de setembro de 2018

Impotência, de João do Rio - RESENHA #76

“Impotência” marca a estreia de João do Rio como ficcionista. O conto apareceu pela primeira vez no periódico Cidade do Rio em 1899, mas o autor preferiu descartá-lo quando da publicação de suas narrativas em livro.

Aderindo à estética naturalista, o conto apresenta um narrador impessoal, responsável por mostrar ao leitor os dilemas de Gustavo Nogueira, um homem rico que permanece virgem aos setenta anos. No tempo presente do conto, nada efetivamente acontece. A narrativa, pois, dá-se a partir das lembranças do protagonista que, sentado no divã de sua biblioteca cor-de-rosa, rememora os episódios de sua existência vazia.

Gustavo é um ser apático e inativo. Há como que uma debilidade constante em todos os seus gestos, o que o torna impotente moral e fisicamente. Essa maneira de ser está diretamente ligada à incompreensão de sua sexualidade. Gustavo não consegue se integrar às convenções da sociedade à qual pertence. Ele sente-se inevitavelmente atraído por homens, mas, em se tratando de mulheres, precisa provocar situações que proporcionem um contato íntimo, situações estas que terminam – todas elas – em frustração, porque lhe faltava “jeito para a cousa”.

Ao longo do conto, o narrador vai dando pistas referentes à homossexualidade de Gustavo, mas insiste em tratar o assunto com reserva. É como se fôssemos visualizando o caráter do personagem através de um vidro fosco, o que nos impede de precisar diversos detalhes. Resta ao leitor lançar hipóteses, por exemplo, sobre a relação entre Gustavo e Euzébio, poeta e amigo de academia. Este convence o outro a viver numa casa nova, elegante e toda cor-de-rosa, mas ao final apenas a biblioteca teria aquela cor. A constante presença de Euzébio, a partir daí, sugere que os dois dividiam a nova casa, ainda que não fique absolutamente claro se era isto ou se o companheiro de Gustavo era apenas um grande frequentador da idealizada biblioteca rosa.

O que se compreende indiscutivelmente é que Gustavo é um homem virgem, enquanto Euzébio denomina-se um “devasso” que acredita – ou prefere acreditar – que o amigo pertence à mesma categoria. Aos trinta anos, Gustavo atribui sua inatividade ao fato de manter-se virgem, por isso decide preparar uma ceia licenciosa com algumas mulheres, no propósito de consumar o ato sexual. O plano não vinga e Gustavo acaba desculpando-se, alegando estar doente. Também merece atenção sua surpresa ante o entusiasmo de Euzébio com a orgia.

O que, por outro lado, não é mencionado é se Gustavo teria feito as mesmas tentativas com alguém do mesmo sexo. As circunstâncias e a repressão social de seu tempo poderiam certamente tê-lo dissuadido de tal ideia. Já na adolescência, quando apaixonado pelo jardineiro “forte e musculoso”, ao ponto de pensar em chamá-lo para junto de si, era impedido pelo medo de manifestar suas emoções. É essa homossexualidade reprimida e mal compreendida que tanto atormenta o protagonista, inutilizando-o para tudo e enchendo-o de ideias suicidas.

O conto de João do Rio provavelmente revela muito de seu próprio sofrimento diante da não aceitação das pessoas em relação à sua orientação sexual. O autor parece querer compensar suas ideias veladas com a linguagem pretensiosa de um estreante, utilizando termos bastante incomuns e chamativos. A meu ver, o argumento poderia ter sido melhor desenvolvido num romance, onde seria possível esclarecer tantas lacunas acumuladas, como o relacionamento conflituoso do protagonista com os pais e a relação ambígua entre Gustavo e Euzébio. Fiquei com esta impressão final de que “Impotência” era na verdade um intricado rascunho que seu próprio autor temia revisitar.

Avaliação: ★★

OBSERVAÇÃO: Impotência ganhou sua 1ª edição em livro este ano pela editora “O Sexo da Palavra”. Pode ser adquirido pelo site (https://www.osexodapalavra.com/) ou na página do Facebook da editora (https://www.facebook.com/osxdapalavra/).

Daniel Coutinho

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sexta-feira, 7 de setembro de 2018

A Ira dos Anjos (Rage of Angels), de Sidney Sheldon - RESENHA #75 (contém spoilers)

As boas experiências que tive com Sidney Sheldon nos últimos anos levaram-me a crer que deveria continuar lendo novas obras do autor. Agora que li A Ira dos Anjos (1980), receio que talvez não tenha tomado a melhor decisão. Esta última leitura me fez compreender melhor o posicionamento da crítica em relação à produção ficcional de Sheldon.

Mesmo encarando o livro o tempo todo como um passatempo, cheguei à conclusão de que isso não o torna menos ruim. Na literatura de entretenimento, como em tudo o mais, haverá sempre o positivo e o negativo. Um mesmo autor pode assinar livros excelentes e péssimos. É natural, pois, que tenha me divertido com O Reverso da Medalha e sofrido para terminar A Ira dos Anjos.

Para começo de conversa, admito que fui enganado pela sinopse, que vendia a história de uma mãe desesperada pelo sequestro de seu filho. Achava que esse seria o ponto central da trama, mas ele só aparece depois da metade do livro e é logo encerrado, dando lugar a outras subtramas. Aliás, este é um livro de mil subtramas. Ao final da leitura, é praticamente impossível lembrar todas as situações narradas, muito menos os diversos cenários e, sobretudo, os incontáveis personagens corriqueiros. Fiquei com a impressão de estar assistindo a uma dessas novelas dramáticas que trazem, dia a dia, diferentes situações para entreter o público.

A protagonista, Jennifer Parker, é uma advogada recém-formada que vai tentar a vida em Manhattan. Após cometer uma imprudência, é acusada de receber suborno, o que acaba com sua carreira antes mesmo de tê-la começado. O leitor logo se compadece dessa mocinha, vítima involuntária da grande máfia, e acompanha as dificuldades de sua vida desde então. Desprezada pelas pessoas e sem oportunidades de exercer a advocacia, Jennifer se submete à realização de trabalhos menores para se manter, até que, por intermédio do Padre Ryan, um amigo seu, toma conhecimento do caso de Abraham Wilson.

Abraham é um homem negro, condenado à prisão perpétua por ter assassinado um comerciante durante um assalto. Na prisão, acaba assassinando outro detento, à vista de mais de cem testemunhas, o que poderá levá-lo à cadeira elétrica. A missão de Jennifer é salvar a vida deste moço com um currículo capaz de fazer inveja a qualquer criminoso. Como se não bastasse ter que lidar com uma defesa dificílima, Jennifer precisa enfrentar neste caso o promotor Robert Di Silva, o mesmo que a acusou anteriormente e que inclusive tentou cassar sua licença profissional. Para surpresa do leitor, ou não rs, Jennifer sai vitoriosa neste caso, numa das passagens mais épicas do livro.

A partir daí, a desprezada Jennifer transforma-se numa celebridade, recebendo as mais atraentes propostas dos maiores escritórios de Nova York. Essas reviravoltas são bem ao estilo do autor. Parecia estar vendo Jamie McGregor após roubar aquele sem-número de diamantes. Mas o problema maior está na romantização exagerada da personagem, que torna-se uma heroína dos tribunais, capaz de vencer todo e qualquer caso que lhe caia nas mãos. É justamente isso o que acontece, dando margem a uma sequência fastidiosa de casos e mais casos, que serão todos resolvidos com sucesso pela nossa heroína. Essas querelas judiciais compreendem boa parte da obra e apresentam vários personagens descartáveis, como os chamo, que são aqueles criados para determinado fim e descartados logo em seguida.

Aqui não poderiam faltar também os lances amorosos e amores impossíveis com aquele toque de sensualidade tão característico do autor. Jennifer acaba se apaixonando por Adam Warner, o advogado que impede a cassação de sua licença. Para deixar tudo mais interessante, Adam, claro, é casado, mas não ama sua esposa, Mary Beth, com quem se casou basicamente por pena. Mesmo tendo escrúpulos reforçados pela lembrança da mãe que enganou o pai, Jennifer cede ao sentimento que ela e Adam compartilham. Mary Beth finge resignar-se e mostra-se disposta a dar o divórcio ao marido, mas pede-lhe uma última noite de amor, com a qual espera ficar grávida para prender Adam. É o que acontece. Que sorte, não rs? Como se não bastasse essa gravidez tão automática, Jennifer fica grávida ao mesmo tempo, mas desiste do amor de Adam, pois não quer prejudicar o amado em sua campanha eleitoral para o Senado dos Estados Unidos.

Para a consolação da bela Jennifer, Sheldon providencia um homem tão atraente quanto perigoso. Trata-se de Michael Moretti, um grande líder de uma das maiores famílias da máfia internacional. Jennifer procura evitá-lo, mesmo admitindo os dotes sedutores do mafioso, mas vê-se obrigada a recorrer a ele quando finalmente acontece o sequestro de seu filho Joshua, levado por um psicopata que pretendia crucificar e queimar vivo o menino. Jennifer dá ordens de que matem o sequestrador. Após o pronto salvamento de Joshua, Michael exige de Jennifer o pagamento que vocês já devem imaginar, que ela também realiza prontamente e de muita boa vontade. Os dois mantêm um relacionamento puramente sexual, mas Michael exige fidelidade, ainda que também seja casado. Jennifer, de sua parte, enaltece Michael enquanto parceiro sexual, por experimentar com ele sensações novas, mas não deixa de amar o pai de seu filho.

Tenho observado essa mania de grandeza que tinha Sidney Sheldon. Ele costuma elevar as situações de suas histórias a uma grandiosidade excepcional. Adam, por exemplo, pleiteia a presidência dos Estados Unidos, além de ser a elevação da nobreza em pessoa. Jennifer é a maior advogada que se possa conceber. Joshua é uma criança inacreditável e encantadora. Michael é um forte candidato a comandar as organizações criminosas em todo o mundo, além de ser uma espécie de deus do sexo. Só um pouquinho exagerado, não acham?

Algumas escolhas do autor também me pareceram contraditórias ou equivocadas. Após sobreviver a uma macabra experiência na passagem do sequestro, Joshua acaba morrendo de um problema decorrente de uma pancada na cabeça. O autor sugere que Michael sente-se atraído por Jennifer de uma maneira especial, mas esse suposto amor não reflete positivamente em nada no seu comportamento, como também não impede que Michael tente matar sua amada nos capítulos finais. Ainda nos movimentados momentos finais, Adam, numa situação extrema, mostra-se arrependido por não ter escolhido Jennifer, mas quando tudo podia-se claramente solucionar entre os dois, ele ainda prefere continuar com Mary Beth.

A impressão que tive ao final do romance foi de que tudo terminou em nada. Foi uma trajetória com algumas emoções, admito, mas que não trouxe nenhuma consequência realmente interessante. Essas mais de quatrocentas e cinquentas páginas fizeram-me lembrar de uma comédia de Shakespeare (que ainda não li), cujo título poderia ter muito melhor servido ao seu autor: Muito Barulho por Nada.

Avaliação: ★★

Daniel Coutinho

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segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Livro de uma Sogra, de Aluísio Azevedo - RESENHA #74

Sempre desconfiei que Aluísio Azevedo exercia uma influência superior sobre mim. Algo quase sobrenatural rs. É que todos os livros que tinha lido dele até então (O Cortiço, O Mulato e Casa de Pensão) tinham sido avaliados com nota máxima. Mas eis que finalmente o condão foi quebrado... ou não rs.

Decidi ler o último romance publicado por Aluísio, Livro de uma Sogra (1895), acreditando ser a expressão máxima de seu talento. Não contava, contudo, deparar-me com um artista desiludido com seus ideais literários, que não publicaria nada mais que uma coletânea de contos, Pegadas (1897), nos seus últimos dezoitos anos de vida. Esta última publicação, vale lembrar, consistia mais na reescrita aperfeiçoada de contos já divulgados anteriormente em Demônios (1893).

É triste perceber que um escritor da grandiosidade de Aluísio Azevedo tenha se desiludido, já naquela época, com a Literatura, por não ter conquistado, por ela, a qualidade de vida que ambicionava. Curiosamente, não viveria muito após adentrar na carreira diplomática, morrendo com cinquenta e seis anos incompletos, de forma bastante misteriosa. Seu último romance não poderia ser menos ousado. Sugere mesmo a imagem de quem não teme o que diz, por já estar mesmo de saída.

Livro de uma Sogra segue uma proposta bem diversa dos livros que já conhecia do autor. A princípio, temos Leão da Cunha narrando em 1ª pessoa sobre sua aversão ao casamento, justificada pelo exemplo de seu amigo, Leandro de Oviedo, que sofria as maiores humilhações por parte de D. Olímpia, sua sogra. Passados alguns anos, depois de longas viagens pela Europa, Leão reencontra Leandro com outra disposição de ânimo. O que chama atenção é o fato de Leandro lamentar a morte da “terrível” sogra, advertindo que a explicação de sua atitude só poderá ser compreendida pela leitura de um manuscrito deixado por D. Olímpia.

A partir daí, o leitor tem acesso à íntegra desse documento, que se estende até próximo ao final do romance, compreendendo portanto a quase totalidade da obra. Somos limitados pois ao ponto de vista da excêntrica D. Olímpia, cujas ideias são no mínimo perturbadoras. Tentarei, em linhas gerais, sintetizá-las, para dar uma noção do pensamento extravagante desta senhora.

Olímpia não acredita que seja possível associar o amor espiritual com o desejo carnal. O fundamento de suas ideias consiste na experiência fracassada de seu casamento com Virgílio. Ela defende a teoria de que cada homem e mulher devem ter não um, mas dois cônjuges: um para a realização do amor sentimental, outro para a prática sexual. No seu parecer, se um homem se relaciona sexualmente com uma mulher, perde para esta o valor sentimental que só é possível entre amantes que prescindem do contato físico.

Nesse contexto, Olímpia vê-se perante um intricado desafio: assegurar a felicidade de sua filha sem que, para tanto, ela precise romper com a sociedade de seu tempo. Depois de muito investigar, auxiliada mesmo pela Bíblia, a mãe de Palmira chega a uma conclusão: para alimentar em sua filha tanto o amor sentimental como a atração sexual pelo mesmo homem, seria necessário afastá-los periodicamente. Palmira e o esposo não poderiam viver sob o mesmo teto, além de não poderem se ver todos os dias. As relações sexuais entre o casal deveriam ser calculadamente dosadas. Os períodos de abstinência colaborariam para manter os cônjuges sempre interessados um pelo outro.

O marido de Palmira deveria ser ainda homem de intelecto reduzido, apenas o suficiente para não ser ridículo, pois, uma vez que fosse, por exemplo, um festejado artista, a celebridade e a paixão pelo seu ofício disputariam-lhe a atenção com a esposa. Esta, por sua vez, deveria ser em tudo inferior ao marido, tanto na raça quanto na instrução. Era preferível que uma mulata casasse com um homem branco do que o contrário, dada a necessidade da superioridade ser sempre do homem, cuja figura é constantemente enaltecida por D. Olímpia.

Para casar-se com Palmira, Leandro é obrigado a aceitar todas as condições de sua interessante sogra, inclusive assinar um documento que a isentava totalmente de culpa, caso ele aparecesse morto. Realizado o casamento, Olímpia torna-se intransigente no cumprimento de seu plano. Depois de um tempo, porém, torna-se praticamente impossível prosseguir com as separações periódicas, o que leva o casal a instar pela convivência contínua.

Devo confessar que, num primeiro momento, presumi que Aluísio estava galhofando com a temática do casamento, a partir dessa situação conflituosa e inacreditável. Mas, com o decorrer da narrativa, vamos reconhecendo o tom de seriedade presente na trama. Não se trata de fazer graça, mas da obsessão de uma mulher pela felicidade de sua filha. Há, por exemplo, uma cena em que Olímpia é obrigada a ceder às súplicas do casal, mas acaba consolada pela ideia de que sua filha gozaria do prazer sexual com grande proveito. Acredito que seja um dos grandes méritos do livro: a franqueza com que o autor expõe temas pouco comuns à literatura de sua época, como o prazer sexual da mulher.

A certa altura do romance, para surpresa do leitor, Olímpia terá oportunidade de aplicar em si mesma sua teoria do amor sentimental. Seu casamento com o Dr. César, seu estremecido amigo, é pois isento de contato físico ou sexual. Trata-se de uma relação ideal, onde a amizade e o companheirismo prevalecem sobre os interesses da carne.

Livro de uma Sogra chega a ser um romance bastante estranho, seja pelas ideias extravagantes de D. Olímpia (algumas delas que nos enchem mesmo de indignação) que acabam ganhando ecos na contemporaneidade, seja pelo tom de ensaio filosófico que se evidencia em boa parte da obra, e, finalmente, por ter sido escrito por um homem que, mesmo desiludido com a literatura e o casamento, revela uma escrita formidável para aquela e uma possível fé na felicidade através deste.

Avaliação: ★★★

Daniel Coutinho

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domingo, 12 de agosto de 2018

Hamlet (The Tragedy of Hamlet, Prince of Denmark), de William Shakespeare - RESENHA #73 (contém spoilers)

Há dez anos, li Shakespeare pela primeira vez. Fora por um volume de tragédias que uma amiga me emprestara. Lembro de ter tido muita dificuldade para compreender os diálogos e monólogos, por conta da linguagem totalmente nova para mim. Assim, absorvi muito pouco de Romeu e Julieta, Macbeth e Hamlet. O volume encerrava-se com Otelo, que não pude ler, por ter que devolver o livro. Somente ano passado, depois de ter adquirido o teatro completo do velho bardo, aventurei-me novamente por sua dramaturgia. Decidira retomar pelo mesmo Otelo, cuja leitura conservava-se interrompida. Foi um reencontro muito feliz, em grande parte pela maturidade adquirida ao longo dos anos, mas não menos pela grandiosidade cênica com que me deparei. Os personagens fascinantes, o movimento das cenas, a agudeza das falas, tudo me deslumbrou. A “descoberta” de Otelo incitou-me a, antes de prosseguir com a leitura das peças não lidas, retornar àquelas cuja experiência havia sido tão pouco proveitosa. Resolvi-me, portanto, a seguir o sentido inverso daquele percorrido há dez anos. Deveria reler Hamlet então.

Acredita-se que a primeira encenação de Hamlet tenha sido em 1602, saindo no ano seguinte a primeira edição do texto da peça, posteriormente ampliado. O argumento foi colhido por Shakespeare nas velhas páginas da mitologia nórdica. O tratamento, porém, dado a uma simples história de vingança tornou a tragédia do príncipe da Dinamarca uma das mais importantes de todos os tempos, sendo também uma das mais influentes de toda a Literatura. Não é, contudo, a canonicidade de uma obra o que poderá garantir um efeito positivo a quem quer que seja. Aliás, nada o poderia diante de uma forma de arte tão múltipla e plurissignificativa como é a Literatura. As experiências são sempre distintas. Quanto melhor o livro, mais possibilidades de leitura ele enfeixa. Hamlet, infelizmente, não me impressionou tanto quanto à maioria dos leitores; tentarei explicar por quê.

Acredito que a celebridade da peça dispensa-me o trabalho de referir o enredo. Devo pois limitar-me a compartilhar as impressões que tive dessa releitura ou, antes, “primeira leitura legítima”.

Hamlet é o tipo de personagem com quem desenvolvi uma relação ambígua de amor e ódio. A princípio, qualquer leitor/espectador comove-se com sua dor pela perda do pai mais o ressentimento de assistir ao precoce matrimônio de sua mãe com o próprio cunhado. Aumenta-lhe o sofrimento a desconfiança de que Cláudio (o tio/padrasto) possa ter sido o causador da morte de seu pai, a fim de usurpar-lhe a coroa, suspeita logo confirmada pelo fantasma do falecido rei, que logo exige vingança. Shakespeare consegue transmitir perfeitamente os dilemas de consciência de seu protagonista, que lamenta a sorte de ter vindo ao mundo para corrigir erros alheios, sem poder evitar ainda a perturbação da dúvida, já que a visão sobrenatural que tivera poderia ser artifício maligno para corrompê-lo.

O escrupuloso Hamlet, no entanto, assume uma postura diferente a partir do momento em que decide fingir-se de louco para, insuspeito, melhor investigar Cláudio. A falsa loucura do príncipe acaba obscurecendo o sentido de seu discurso e talvez seja esta a grande genialidade da tragédia: a ambivalência dos episódios. É difícil distinguir com precisão até que ponto temos o Hamlet disfarçado em sua loucura, e o outro, o ponderado, se é que ele não deixa de existir. Ousarei dar minha própria interpretação da peça ou simplesmente expor a leitura que fiz da tragédia shakespeariana.

Chama bastante atenção o tratamento dado por Hamlet à sua amada Ofélia, a certa altura da peça. O que a bela jovem explica como consequência da suposta loucura é, a meu ver, uma reação ciumenta. De fato, Ofélia é induzida por Polônio (seu pai) e Laertes (seu irmão) a ignorar as cortesias e gentilezas do príncipe, dada a diferença hierárquica entre os dois. A atitude de Ofélia poderia sugerir a existência de outra inclinação amorosa por parte dela, o que explicaria também sua ideia de devolver os presentes dados por Hamlet. Vale lembrar que, na cena da representação, o príncipe, falando a Ofélia, compara a brevidade do prólogo ao amor de uma mulher, além de sugerir que a dama talvez tenha um amante.

Outro aspecto que acaba se confundindo com a falsa loucura de Hamlet é o destempero do personagem. Após a confirmação do assassinato do pai, cometido por Cláudio, o príncipe parece passar por um enrijecimento da sensibilidade. Sua reação fria após matar Polônio, confundindo-o com o rei, revela essa mudança de caráter. A imediata decisão de mandar Rosencrantz e Guildenstern para uma morte iminente dá-nos outra amostra do temperamento inexorável que passa a ter o protagonista. Ainda que dignas de censura, as vítimas fatais de Hamlet teriam sido julgadas certamente com mais complacência num momento anterior.

O teor altamente filosófico de Hamlet colabora com alguns dos vários intervalos que se dão na trama, principalmente os solilóquios do protagonista. No entanto, alguns desses intervalos me pareceram demorados e maçantes, como a recepção dos atores no castelo, as lições de atuação repassadas pelo próprio príncipe e, finalmente, a representação d’O Assassinato de Gonzago. A loucura e morte de Ofélia foram tratadas com precipitação e exagero. O curioso é que são dados tantos pormenores do “acidente”, como se alguém houvesse presenciado, mas inteiramente incapacitado de salvar a donzela. O que me parece, porém, mais despropositado em Hamlet é a conversa entre Polônio e seu criado Reinaldo, logo no começo do segundo ato, quando aquele pede que este vigie seu filho Laertes que partira para a França. Estes zelos paternos não acarretam consequência nenhuma para a peça, assim como Reinaldo acaba sendo um tipo desnecessário que, em suprimido, nada afeta.

Penso ter citado boa parte das razões que embaçaram o brilho de Hamlet em meu conceito. Penso que a mudança por que passa o nobre príncipe no decorrer dos cinco atos tenha sido a mais perturbadora, principalmente quando este aceita tão prontamente o desafio proposto pelo rei, sobre uma aposta claramente suspeita, o que leva praticamente todo o elenco da peça à sepultura. Ainda bem que escapou o bom Horácio para nos contar a história rs!

Avaliação: ★★★

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segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Rosa, de Joaquim Manuel de Macedo - RESENHA #72

Já estava me coçando outra vez para ler um romance do Dr. Macedinho e, quem sabe, surpreender-me novamente, que nem ocorreu com Os Dois Amores ano passado. Já havia separado, para este ano, Rosa e O Rio do Quarto. Decidi pegar o primeiro, verdadeiro calhamaço de quase seiscentas páginas, mas a experiência não foi muito animadora.

Rosa (1849) é, até agora, o romance mais fraco dos que li de Macedo. Nele estão bastante evidenciados os defeitos mais apontados pela crítica, como repetição de fórmulas, personagens-tipo, diálogos prolongados, situações exageradas, etc. Lembrou-me bastante a experiência que tive com O Moço Loiro, principalmente pelo caráter picaresco que, em Rosa, é mais acentuado. De fato, ri-me como há muito não fazia, tantas eram as situações jocosas descritas no romance. O humor de Macedo, que sustentou o meu interesse até a última página, não é daqueles que provocam um sorriso simplesmente, mas verdadeiras gargalhadas, daquelas que tiram o fôlego rs.

O que mais prejudicou o livro, a meu ver, foram os excessos. Rosa definitivamente não precisava ter mais de quinhentas páginas, pois seu enredo insípido não carecia de tanto. Os personagens, quase todos, sugeriam adaptações de tipos já conhecidos. Rosa parecia uma versão pouco mais adulta de dona Carolina; Juca, uma mistura de Lauro e Américo; e o hilário comendador Sancho, uma cópia fiel do presumido Brás-mimoso. Os demais também não me eram estranhos, mas dispensem-me, por favor, do trabalho de pesquisar os respectivos. A figura menos comum era o velho Anastácio, tio de Rosa, que com seu estilo carrança e impaciente, rendeu algumas das cenas mais atrativas do romance.

Rosa é uma linda moça de dezoito anos, espirituosa e travessa, vaidosa e sagaz, que vive na companhia de seu pai Maurício, que a cobre de mimos, na tentativa de compensá-la pela morte da mãe. Mostrando-se indiferente à ideia do casamento, Rosa nutre em si a esperança de que seu primeiro amor regresse para desposá-la. O objeto de tão dedicado amor é José, ou simplesmente Juca, um moço boêmio, irresponsável e metido a conquistador.

Juca precisou estudar na Bahia por um tempo, mas acabou corrido de lá, graças a uma de suas enrascadas, descrita da forma mais engraçada possível. De volta ao Rio de Janeiro, ele acaba conseguindo convite para um baile, onde logo reencontra Laura, outra moça de seu conhecimento, a quem logo corteja. Rosa, que também estava presente, acompanha com discrição todos os passos do estudante. Julgando-se traída, Rosa assume uma postura diferente da sua, para irritar Juca: faz-se de namoradeira e trata todos os homens por igual. De sua parte, Juca planeja uma vingança que consiste em fingir-se apaixonado pela filha de Maurício para ignorá-la depois. O que os dois acabam fazendo de verdade é provocar ciúmes um no outro. Rosa, desiludida com o amor, planeja casar-se com o velho Sancho; Juca, do mesmo modo, propõe casamento à dona Irene, uma viúva rica. Anastácio, o tio de Rosa, tentará contudo consertar tais embaraços, antes que seja tarde.

No meio dessas intrigas desenxabidas, Macedo não deixa de lançar suas críticas à sociedade do seu tempo. Como já fizera n’O Moço Loiro, mais uma vez ele censura o casamento por interesse. Faustino, amigo de Juca, por exemplo, possui um “catálogo das suas vinte e cinco noivas”, com o qual estuda qual casamento lhe pode ser mais favorável. Outro tipo a quem o autor não perdoa é o velho/velha que quer por força passar-se por moço/moça. O comendador Sancho e a viúva Irene sofrerão os maiores constrangimentos em razão de suas pretensões. O livro completa-se ainda com alguns outros tipos reprovados pelo autor: o pai muito complacente, o usurário avarento, a velha que lê futilidades, dentre outros.

Foram muitas as razões que me fizeram desgostar de Rosa. A protagonista e seu amado são excessivamente infantis e seus conflitos em nada ganhavam o meu interesse, tão bobos que eram. Os diálogos infindáveis, muito pormenorizados, deixavam a leitura maçante e arrastada. Os personagens secundários não compõem subtramas cativantes ou que colaborem com o progresso da narrativa. Há, enfim, inúmeros episódios desnecessários que só serviram para dar volume ao livro.

Não fosse o humor que perpassa todo o livro, Rosa seguramente teria um valor praticamente nulo. Imagino que a obra tenha sido escrita ligeiramente, já que saiu apenas um ano depois d’Os Dois Amores. A verdade é que Macedo, mesmo num romance “menor”, ainda é Macedo: o de escrita agradável, bem-humorada e impregnada de bons sentimentos. Ainda estou para ler um romance dele que seja inteiramente desagradável! Espero que não aconteça rs.

Avaliação: ★★★

Daniel Coutinho

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