Este
mês trouxe títulos bastante desejados para a minha estante. Como sempre, é
claro rsrsrs! Mas o que me deixou mais feliz foi finalmente ter conseguido
(depois de muito tempo garimpando) uma tradução da obra mais famosa do francês
Xavier de Montépin, um gênio do folhetim policial no século XIX. Trata-se de La Porteuse de Pain (1884-1887), que foi
um grande sucesso até meados do século passado, passando por várias adaptações,
seja para o cinema, teatro, quadrinhos e até novelas radiofônicas. O curioso é
que a obra do Montépin aparecia com títulos diferenciados: A Entregadora de Pão, A
Padeira, Os Milhões do Criminoso,
todas traduzidas ou adaptadas do mesmo original já citado. O grande êxito da
novela radiofônica Jeanne Bertier,
reprisada várias vezes no Brasil, fez com que a Editora Brasil lançasse (talvez
nos anos 50) o romance de Montépin com o título O Romance de Jeanne Bertier. O que não entendi foi por que a
adaptação radiofônica alterou o nome da protagonista, que no original é Jeanne
Fortier. Vá entender!? O bom é que, de um jeito ou de outro, finalmente obtive
um exemplar desse livro que era um dos meus sonhos de consumo rsrsrs. Se não o
ler ainda este ano, lerei no próximo com certeza! O livro tem mais de 600
páginas, com letra pequena... Cotejei com o original francês e a tradução me
pareceu completa! Depois da experiência Os Mistérios de Paris, ainda estou meio traumatizado rsrsrs.
Outra
obra que já pode ser considerada rara é O
Livro Apócrifo de Dom Quixote de La Mancha, de Alonso Fernadez de
Avellaneda, que a editora Itatiaia lançou em 1989. Adquiri a versão em capa
dura, com sobrecapa e ilustrações. Nunca ouvi falar de outra tradução do Quixote apócrifo; por isso, acredito que
essa do Eugênio Amado tenha sido a única. É o tipo de livro que se busca, a
título de curiosidade mesmo! Só tomei conhecimento que existia um D. Quixote apócrifo depois que adquiri a
edição da editora 34. Publicado em 1614, entre as publicações do primeiro e
segundo livros legítimos do Cervantes, a obra de Avellaneda pretendia antecipar
as prometidas novas aventuras do cavaleiro da triste figura. Alguns críticos
afirmam que se Cervantes nunca houvesse publicado o verdadeiro Quixote, a obra de Avellaneda seria
considerada uma obra-prima, uma vez que a mesma possui qualidades inegáveis. O
curioso é que nunca se descobriu de fato quem se escondia por trás desse
pseudônimo “Avellaneda”.
Essas
duas aquisições foram as mais festejadas do mês; por isso, empolguei-me um
pouco falando delas. Serei mais sucinto com as demais. Prometo! rs.
Do
inglês Charles Dickens, adquiri Grandes
Esperanças, tão elogiado pelos fãs de Dickens. A edição é daquela coleção
de clássicos da editora Abril, pulicada em 2010, com capas em tecido. Não tinha
nenhum livro dessa coleção e fiquei encantado com a qualidade e com o apêndice
suplementar. Não é um David Copperfield
da Cosac, mas é muito bonito também. Tava pensando aqui... É uma pena a Cosac
não ter lançado Oliver Twist, nos
moldes de David. Já pensou? Seria
tudo de bom. Estou sofrendo pra achar uma edição decente. Alguma sugestão?
Adquiri
há algum tempo uma edição portuguesa denominada Teatro de Tirso de Molina, que continha a peça que procurava: O Sedutor de Sevilha, obra em que
aparece, pela primeira vez na Literatura, o mito de D. Juan. A edição, contudo,
não trazia a obra mais célebre do autor: Don
Gil das Calças Verdes, que finalmente obtive em edição da Ediouro. De
Bernard Shaw, por outro lado, não tinha nada. Depois que assisti, na faculdade,
aquele filme clássico My Fair Lady
(1964), fiquei curioso para ler a obra que o inspirou. Tratava-se de Pigmalião, obra teatral de 1913. Acabei
optando por uma edição de 1971 da editora Opera Mundi, que além de trazer Pigmalião, contém a peça Santa Joana (1923), obra que rendeu a
Shaw o Prêmio Nobel em 1925. Só não fiquei totalmente satisfeito porque o Pigmalião desta edição está adaptado
(tradução e adaptação de Miroel Silveira). O tradutor explica os motivos da
adaptação, citando as questões de fonética do inglês que compreendem o assunto
da peça. De fato, somente um falante daquela língua, poderia absorver
perfeitamente o conteúdo da peça de Shaw. Sei que existe uma tradução do Millôr
Fernandes, pela L&PM, que dizem ser bastante fiel, mas que também não se
isenta do processo de adaptação, pelos mesmos motivos.
Passemos
para Émile Gaboriau, o francês criador do detetive Lecoq, considerado o pai de
Sherlock Holmes e avô de Hercule Poirot. Conheci esse pioneiro do romance
policial, graças à “Coleção Saraiva”, que publicou em 1961 O Caso Lerouge, primeiro livro com o detetive Lecoq. Depois, quando
adquiri a “Coleção Cinzenta” (da mesma Saraiva), obtinha Monsieur Lecoq, outro romance com o mesmo detetive. Só então
percebi que Gaboriau criara uma série de romances com Lecoq. Foram 10 livros ao
todo, cada um com seu caso independente. Leria os 10 com prazer, mas, ao que
parece, só três foram traduzidos no Brasil: os dois já citados e O Mistério de Orcival, lançado pela Nova
Fronteira em 1976. Este último foi o que adquiri este mês. Pretendo lê-los em
ordem cronológica.
Obtive
também o best-seller As Minas de Salomão,
do inglês Rider Haggard, na famosa tradução de Eça de Queirós. Nem preciso
dizer que o contato com a obra do Eça foi o que me apresentou e me motivou a comprar
esse livro. Da saudosa Cosac Naify, adquiri Bambi,
de Felix Salten; e como não resisto a uma sequência, desenterrei uma já
raridade também: Os Filhos de Bambi,
numa edição detonada (mas legível) rsrsrs da editora Melhoramentos. Sobre o Bambi da Cosac, nem preciso dizer que é
lindo, né? A edição possui capa em tecido, folha de guarda com recortes de
fotografias do filme da Disney, e ilustrações de Nino Cais.
Passando
para os brasileiros, mesmo sendo bastante averso a antologias, adquiri uma que
me pareceu bastante necessária possuir em meu acervo. Trata-se de Os Precursores do Conto no Brasil
(Civilização Brasileira, 1960), organizada por Barbosa Lima Sobrinho. Esta
relíquia reúne contos que compreendem as primeiras tentativas de se fazer prosa
de ficção no Brasil, como A Paixão dos
Diamantes, de Justiniano Rocha; A
Mãe-Irmã, de Paula Brito; e outras 24 narrativas pioneiras do gênero
“conto” no Brasil. Adquiri a tão desejada Obra
Completa de Afonso Arinos, de 1968. Pretendo ler Pelo Sertão urgentemente! E da queridíssima Rachel de Queiroz,
nossa ilustre cearense, adquiri João
Miguel. Pouco a pouco, vou reunindo as obras dela, das quais só não
pretendo obter as coletâneas de crônicas.
Daniel Coutinho
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Escreva para o blog: autordanielcoutinho@gmail.com
Oi! você está interessado em comprar Oliver Twist? Te indico a tradução do Antônio Ruas, pelo círculo do livro.
ResponderExcluirhttps://www.estantevirtual.com.br/livrariaindex/charles-dickens-oliver-twist-1322334517
Olá, Bea! Há algum tempo comprei justamente esta tradução. Espero gostar quando ler. Abraço :)
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