Hoje,
vou falar de um livro muito fofo que, de certa forma, até me surpreendeu por
sua extrema delicadeza e sensibilidade. Trata-se de um lançamento imperdível
deste ano, Aquarelas: haicais, de Léo
Prudêncio.
Sim...
É aquele livro amarelo com passarinhos na capa do Mais Livros! de abril rsrsrsrs. Estava muito ansioso para lê-lo,
mas como estava ocupado com os casos sobrenaturais
de Os Mistérios de Udolph0, tive que
esperar um tempinho; mesmo assim, Aquarelas
furou a fila de leituras que preparei para o ano, mas merecidamente. Confesso
que fico empolgado com lançamentos de amigos, porque sim, Léo Prudêncio é meu
amigo e ex-colega do Curso de Letras. Deixem pois que fale um pouquinho do
autor, até para apresentá-lo a leitores que ainda não o conheçam.
Léo
Prudêncio é natural de São Paulo, mas foi no meu Ceará que ele passou a maior
parte da sua vida. Um apaixonado pela leitura, não esconde sua preferência pela
“poesia” e, desde cedo, foi um apreciador dos grandes poetas brasileiros. A
“música” é outra paixão que sempre lhe motivou; nem sei bem se veio antes ou
depois da “poesia”; mas a verdade é que música e poesia estão estreitamente
ligadas e em constante comunicação. Na poesia de Léo Prudêncio, contudo, a
música sobressai enquanto influência, o que deixa bem claro sua obra de
estreia: Baladas para Violão de Cinco
Cordas (2014).
Esse
livro de estreia é obra interessantíssima, a começar pelo projeto gráfico que
brinca ao buscar assemelhar-se a um disco de vinil. Os poemas se dividem em
duas partes: Lado A e Lado B; e uma porção de outros recursos criativos é
empregada com muita felicidade no Baladas,
que é mesmo obra genial!
Após
tão entusiasmada estreia, o estro de Léo foi buscar na cultura japonesa matéria
para sua nova obra, já tão ansiada pelos seus leitores. Assim, o “haicai” foi o
gênero escolhido para vazar sua inspiração. Se você não sabe, assim como eu
também não sabia, que diabo é “haicai”, deixem que explique resumidamente.
“Haicai” é uma forma poética de origem japonesa, que se popularizou e se tornou
conhecida em todo o mundo a partir da obra de Bashô, que pode ser considerado o
pai do “haicai”. A estrutura clássica do haicai é: estrofe única de três versos
(terceto), sendo o primeiro e o último pentassílabos, e o do meio heptassílabo.
No Brasil, Guilherme de Almeida difundiu o “haicai” a partir de sua obra Poesia Vária (1947), sendo que, antes,
já havia divulgado um pouco da cultura haicaiana através do jornal.
Lendo
Aquarelas, pude entender o porquê
desse título. De fato, cada haicai é como se fosse a transposição de um quadro
em palavras, porque o livro é isso: reunião de 99 detalhes ou impressões sobre
o mundo: o homem, os animais, a natureza, a própria vida. Para mim, foi uma
novidade, e das boas! É diferente, claro, especialmente quando é seu primeiro
contato com o gênero. A princípio, parece meio estranho essa sequência de
composições breves, mas depois que passei a encará-las como “aquarelas” que
falam pelo silêncio, como menciona a prefaciadora, aproveitei melhor a
experiência.
Os
temas, conforme já referi, são diversos. As composições não obedecem estrutura
métrica ou rítmica. A surpresa maior que tive com a leitura foi o estilo: a
leveza, a singeleza e a delicadeza sobretudo. Os haicais reproduzem imagens tão
simples e despretensiosas (em sua maioria), que em algum momento, esqueci que
estava lendo Léo Prudêncio com toda sua poesia moderna. Talvez por inspirar-se
numa forma clássica, a impressão que tive deste novo livro foi diferente à do
anterior: percebi uma universalidade maior nessa representação da natureza,
entremeada algumas vezes por outras influências, como a “música”, que não
poderia faltar. Fiquei feliz por reconhecer nas páginas de Aquarelas a natureza cearense: a serra da Meruoca, nossos cajus e
seriguelas.
É
meio difícil escrever sobre poesia, ainda mais quando na brevidade e no
silêncio, diz-se tanta coisa! É uma experiência mais para se sentir do que para
comentar. Para concluir, só queria revelar que se Baladas para Violão de Cinco Cordas apreciei pelo som; Aquarelas apreciei pela imagem.
Audição,
visão... Ô, Léo Prudêncio, seu próximo livro será olfato? rsrsrs
Avaliação: ★★★★
Daniel Coutinho
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Escreva para o blog: autordanielcoutinho@gmail.com
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Adquiram o
livro Aquarelas: haicais, de Léo
Prudêncio (lançamento 2016!).
> Pela
editora: http://www.editorapenalux.com.br/loja/product_info.php?products_id=405&osCsid=ca6c46fece32133a95ed0a38f787e47c
> Com o
autor:
> Blog
do Léo Prudêncio:
https://prudencioleo.wordpress.com/
Que belíssimo texto Daniel! Você soube captar a ideia do livro e dos haicais. Muito bom saber que o que venho escrevendo tem agradado amigos e desconhecidos. Parabéns pelo blog, tenho acompanhado seus textos com regularidade. Abraço!!
ResponderExcluirNeste caso, o mérito é seu! Até me influenciou a conhecer mais da cultura haicaiana: Bashô, Guilherme de Almeida...
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