O
Mais Livros! deste mês está repleto
de títulos muito ansiados. Muitos deles vieram preencher certas lacunas que
considerava inadmissíveis rsrsrs. Mais uma vez demorei, e a postagem está
saindo de novo atrasada (mas a tempo) por conta de umas coisinhas que ainda
estou aguardando e que portanto ficarão para junho. Nem por isso, o saldo do
mês está menos interessante.
A
começar pelos estrangeiros, adquiri uma obra que já tinha na minha casa em
vários exemplares até; e que, imagino, todo mundo deve ter, pelo menos uma.
Estou falando obviamente da Bíblia.
Quando disse “todo mundo” foi porque, mesmo sabendo que o Brasil é um país
bastante heterogêneo em se tratando de religião, sabemos que o cristianismo
predomina não só aqui como em quase todo o mundo. Venho de uma família cristã
protestante e cresci segundo uma educação pautada pelos preceitos bíblicos. Há
alguns anos, abandonei a religião, por motivos um tanto difíceis de explicar
aqui e que, na verdade, nem vêm ao caso. Em poucas palavras, a maturidade que a
gente vai adquirindo com o passar dos anos nos faz enxergar a vida e o mundo
com um olhar mais amplo e de maior alcance; de repente, você começa a entender
coisas, como a maneira pela qual as pessoas entendem
Deus. Creio em Deus, mas não sou adepto de religiões que, a meu ver, separam as
pessoas. Nem por isso, fecho os olhos para um livro tão importante (por mil
motivos) como a Bíblia. De fato, são
inegáveis os valores que ela acarreta, sejam históricos, filosóficos,
sociológicos e até literários, para só citar alguns. Precisava de uma edição
confiável, que não fosse influenciada por ideologias cristãs, judaicas, etc.;
afinal, meu interesse pela fidelidade do texto bíblico é puramente enquanto
leitor.
Daí,
pesquisando e consultando alguns colegas, conheci a Bíblia de Jerusalém, que é considerada a tradução mais ecumênica da
Bíblia, dada a antologia de tradutores
constituída por representantes das mais diversas ideologias. Era enfim a tradução
que mais atendia às minhas expectativas; por isso, não pensei duas vezes, e
adquiri a edição em tamanho GRANDE da Paulus Editora, porque queria uma edição
para leitura mesmo e não apenas consulta, e já confessei que tenho pavor a
letra miúda rsrsrs. A edição está lindíssima, com textos de apoio, milhares de
rodapés explicativos, letra em tamanho maravilhoso, mapas e outros recursos
suplementares que dão suporte e auxílio ao leitor. Tudo isso distribuído em
2200 páginas convenientemente aproveitadas. Agora, o problema: gente, que papel
é esse? Juro como nunca vi nada tão fino em toda minha vida, e olha que já tive
contato com os mais diversos tipos de “papel bíblia”. O menor descuido e você
rasga uma página sem nem perceber rsrsrs. Não estou dizendo que é papel de má
qualidade; ao contrário, é excelente. O problema mesmo é que, por ser tão fino,
é meio desconfortável de manusear, passar a página; fazer recuos e avanços no
texto é, portanto, quase que impraticável. Tô só pensando em como vou ler isso
com o ventilador ligado rsrsrsrs. Mas, enfim, como não é uma leitura pra já,
quem sabe, quando for ler, já tenha um ar-condicionado no meu quarto! Acho meio
difícil...
Mas
não, não vou passar o post inteiro
falando da Bíblia! rsrsrs.
Depois
de adquirir os contos de Charles Perrault e dos irmãos Grimm, faltava ele: Hans
Christian Andersen. A Cosac Naify, infelizmente, não ousou lançar a obra desse
famoso dinamarquês, mas felizmente consegui uma edição maravilhosa em dois
volumes da Villa Rica Editora. Essa Villa Rica é a mesma Garnier que editou
Machado de Assis no século XIX, e foi mudando de nome várias vezes: Briguiet,
Itatiaia, Garnier de novo, Villa Rica, Itatiaia de novo... Nunca entendi essa
confusão de nomes rsrsrs. Mas, ao que parece, todas elas são a mesma editora.
Enfim, eles lançaram em 1996 a obra completa do Andersen sob o título Histórias e Contos de Fadas, ricamente ilustrada,
totalizando 1400 páginas em papel bíblia (esse manuseável rsrsrsrs). Não foi
traduzido do dinamarquês, mas de uma edição americana bastante confiável.
Andersen é autor de clássicos infantis como O
Soldadinho de Chumbo, O Patinho Feio,
A Pequena Sereia, e muitos outros. Quando
pesquisava uma boa edição da obra de Andersen, acabei descobrindo que à obra completa da Villa Rica ficaram
faltando os três últimos trabalhos do autor, que foram descobertos após sua
morte. Felizmente, a mesma editora, agora com o nome de “Itatiaia”, lançou
esses trabalhos no volume Últimos Contos.
Consta-me haver uma edição portuguesa muito boa da obra completa do Andersen,
mas não achei para comprar no Brasil. Alguém sabe dizer se ela foi traduzida do
original e se contém os Últimos Contos
também? Fiquei curioso.
Saindo
da Dinamarca e passando a Inglaterra, da queridíssima Pedrazul adquiri Evelina, da Frances Burney, escritora
que abriu caminho às mulheres na literatura inglesa. Esse pioneirismo por si só
já justifica meu interesse e, sinceramente, estou me apaixonando cada vez mais
pelos ingleses. Da literatura francesa, que já é paixão mais antiga, consegui o
Jocelyn, do Lamartine. Já tinha vários
romances em prosa dele, como Graziela
e Geneviève; julguei necessário um
romance em versos, o que foi muito difícil de conseguir em português, mas por sorte,
descobri essa tradução antiquíssima (e acho que única) do Jocelyn. Na sequência francesa, adquiri o clássico Manon Lescaut (Abade Prévost) em edição
daquela coleção lindinha e antigona da editora abril: Grandes Sucessos (a versão de capa branca); mas o que mais me
agradou foi quando vi o nome do tradutor Araújo Nabuco, que muito aprecio desde
que li a tradução dele de Madame Bovary,
da mesma coleção. E do grande Júlio Verne, consegui finalmente um exemplar de À Roda da Lua, que é uma sequência de
outro romance dele, Da Terra à Lua,
que eu já possuía.
Adquiri
também um romance alemão. Eis uma novidade. Não tenho quase nada dos alemães.
Mas para decepção de muitos, escolhi um romance róseo rsrsrsr. Fale quem quiser
falar, gosto de ler vez por outra algo do tipo, mas só simpatizo esses antigões
daquelas coleções para moças e jovens senhoras. Às vezes, tenho belas
surpresas: O Pecado das Mães (Henri
Ardel), por exemplo, que li ano passado, entrou para meu TOP 10 de melhores
leituras do ano. Desta vez, o escolhido para aquisição foi Elisabete dos Cabelos de Ouro, da alemã Eugênia Marlitt. A edição é
em dois volumes e pertence à Coleção Rosa,
que a editora Saraiva editava em meados do século passado, especialmente para
as moças brasileiras, publicando, em sua maioria, romances estrangeiros. Dessa
coleção, eu já tinha Nina, do Joaquim
Manuel de Macedo. Agora, se me perguntarem por que, dentre tantos títulos da Coleção Rosa, escolhi Elisabete dos Cabelos de Ouro... Riam se
quiserem, mas adorei esse título kkkkk. Quem nunca leu um livro pelo título,
atire a primeira pedra!!! Para encerrar os estrangeiros, passando dos alemães
aos norte-americanos, consegui o famoso romance policial Laura, de Vera Caspary. Tudo bem que não é tão famoso assim, mas
além de ser bastante apreciado no exterior, já foi inclusive adaptado para o
cinema. Esse foi indicação da querida Claire Scorzi, que tem um canal literário
delicioso no Youtube. Eu, que admiro demais a Claire, não pude deixar de ficar
curioso para ler Laura, tão elogiado
por ela, que é, sem sombra de dúvidas, uma respeitável leitora! E como não sou
muito de ler romances policiais, resolvi experimentar esse.
Agora,
regressemos ao Brasil! Ando numa fase meio modernista; daí, os títulos que
escolhi. Dei preferência, claro, aos livros da Cosac Naify, mas da minha lista
pessoal de futuras aquisições, só havia dois: Convergência (Murilo Mendes) e Malagueta,
Perus e Bacanaço (João Antônio). O primeiro veio suprir a carência de
poesia concreta da minha estante, e fiquei até curioso com os chamados
murilogramas. O outro é coletânea de contos bastante referenciada quando se
fala em prosa moderna dos anos 60. Do contemporâneo Milton Hatoum, comprei Relato de um Certo Oriente. Tinha
separado pra ler este ano os Dois Irmãos,
mas quando soube que este último se relacionava com o que comprei este mês
(embora de forma tênue, na pessoa de um personagem), não hesitei em
antecipá-lo. Por último, dos caros cearenses, criei vergonha na cara e comprei
o tão desejado romance Aldeota, de
Jáder de Carvalho, o autor que deu nome ao prêmio literário que conquistei em
2010. Da adorável Rachel de Queiroz, adquiri sua obra obra-prima, Memorial de Maria Moura, que com certeza
vou ler antes do fim do ano! Quem leu minha resenha do livro Cordéis, sabe que fiquei morrendo de
vontade de ler a obra mais importante de Patativa do Assaré: Cante Lá que Eu Canto Cá. Pois é... Já
providenciei rsrsrs; se não este ano, será lido no próximo! E, finalmente, a título
de curiosidade, aproveitando uma promoção, obtive O Objeto Ausente, de Carlos d’Alge, o português mais cearense de
todos rsrsrs. Trata-se de um livro de memórias do Carlos, quem eu só conhecia dos
ensaios literários que ele fez para os romances portugueses daquela coleção Os Clássicos da ABC Editora, que já foi
matéria de uma das mais entusiasmadas postagens deste blog rsrsrs.
Por
último (e agora é o último mesmo rsrsrs), consegui o folheto de cordel A Estátua do Jorge, de Alberto Porfírio,
que foi um dos cordelistas mais renomados do Ceará, cuja fama se estendeu até o
exterior. Preferia uma edição em livro, mas tive dificuldade de achar; acabei
ficando com este folheto, que é um dos mais apreciados dele, como uma feliz
amostra de mais um ilustre cearense que não conhecia.
Perdão,
se escrevi demais! Tenho que confessar que este blog está se tornando numa espécie
de diário literário ou memorial de leituras mais particular do que eu previa rsrsrs.
Daniel Coutinho
***
Escreva para o blog: autordanielcoutinho@gmail.com
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