Minha
gente, que tarefa mais difícil! Quase me arrependo de fazer esse Top 10! Isto
porque foram muitos os livros infantojuvenis que marcaram não somente minha
adolescência, mas também a vida adulta. Vez por outra, tenho belas surpresas
com esse tipo de literatura. Já não leio tantos deles como antes, mas não abro
mão de pegar alguma coisa do tipo, ocasionalmente.
Se
foi difícil escolher apenas dez títulos, não o foi menos ordená-los numa
classificação de valor crescente. Dessa forma, não deem muito crédito à posição
dada a cada livro, especialmente os intermediários. A verdade é que esses dez
livros merecem leitura e confesso que tive que apelar para o grau de
representatividade popular para realizar a classificação. Isto porque amei os
dez, quase que de forma igual, e cada um tem um valor especial para mim. Tive
que deixar muita coisa boa de fora, por isso faço questão de esclarecer que
esta lista constitui significativa “amostra” de uma porção mais abrangente de
livros infantojuvenis inesquecíveis para mim.
E
lá vamos nós!
Laura Elias é uma das poucas autoras
brasileiras de romances de banca. Definitivamente não sou leitor desse tipo de
livro, mas quem nunca teve curiosidade de ler algum? Conheci-a através do
bobinho Irresistível Impostora.
Lembro de ter comprado numa padaria, achando que era estrangeiro, e o livro se
identificava como tal, trazendo inclusive o nome da tradutora. A verdade é que
Laura já se utilizou de vários pseudônimos, o que é uma tradição em livros do
gênero. Só depois, graças à internet, descobri sua verdadeira identidade.
Observando seus títulos publicados, fiquei curioso por Aconteceu no Titanic, assinado com seu pseudônimo mais célebre:
Loreley McKenzie. Sou apaixonado pela história do Titanic, que sempre me
comoveu muito. O livro da Laura, contudo, não revive a tragédia; antes,
utiliza-a como pano de fundo de uma história apaixonante. Mas embora este
também seja um livro meloso, ele reúne outros ingredientes através de
personagens secundários que roubam a cena, tornando a leitura divertida e
prazerosa.
# 9º lugar → A Vaca Voadora (Edy Lima)
O que este livro parece ter de bobo, tem de
divertido. Lembro de ter dado boas gargalhadas ao longo da história, o que
considero uma proeza em livros: fazer rir. As aventuras de Lalau com suas tias
tão diferentes uma da outra são prato cheio para qualquer criança. É daqueles
livros que deixam saudade e fazem a gente querer voltar a ser criança.
# 8º lugar → Açúcar Amargo (Luiz Puntel)
Este é da memorável série “Vaga-Lume”. Conheci-o
através do livro didático da 8ª série, que trazia o capítulo em que o pai da
protagonista a queria proibir de estudar, influenciado por costumes machistas.
Fiquei tão curioso pela história que, quando finalmente encontrei o livro, não
pensei duas vezes. Não me recordo mais do nome dos personagens, mas a trama
gira em torno de uma família tradicional de boias-frias, onde o senhor da casa
é quem manda. A protagonista, que é filha dele, não medirá esforços para provar
que sua condição de mulher nada impede de ser o que quiser. Julgo um livro
bastante pertinente para este momento em que tanto se fala em feminismo.
Outro livro que, por ser antigo, não
deixa de ser atual. Conta a história de uma adolescente que é sequestrada e
levada a uma casa de prostituição. O pistoleiro maior da casa se apaixona por
ela e a toma por amante, não permitindo que ela seja alvo dos clientes da casa.
O irmão da garota, contudo, persiste em sua busca, o que o levará a uma jornada
emocionante. Este livro parecia tão real, que julgava ver as cenas nitidamente.
O leitor acompanha atento cada acontecimento, torcendo pelos personagens do
início ao fim. Livro sensacional! Tão curtinho; você o lê de uma vez só, que
parece até um filme, e dos bons!
# 6º lugar → Sardenta (Mirna Pinsky)
Já era universitário quando li este
livro, escrito com tanta maturidade, que nem parece livro juvenil. O enredo é
sobre uma garota judia que se apaixona por um moço que não pertence à religião
judaica. A oposição da família é um iminente obstáculo, mas o amor dos dois
prevalece. Aparentemente, uma história comum, mas a maneira como sua autora a
conduz, o manejo que faz do tempo, os artifícios empregados, as mensagens
ocultas nas entrelinhas, as surpresas ao final do livro, fazem deste um dos
melhores infantojuvenis que já li.
Eis uma das leituras fantasiosas mais
divertidas que já fiz. O colorido desta história era tão vivaz, que me sentia
na Ilha da Luna mesmo. Os membros da Turma da Bernunça foram amigos de
infância. Como eu desejava brincar na praia com eles! E quando arriscam
penetrar na ilha misteriosa... E os espíritos da floresta... e... e... Tô
parecendo criança agora! Ainda posso sentir a empolgação daqueles tempos.
Cheguei a escrever minha própria versão desta história, tanto que eu gostava
dela. Tenho certeza de que nunca me esquecerei deste livro, uma das mais belas
páginas da minha infância. Obrigado, Rosana Bond, por ter escrito este livro!
# 4º lugar → Juntos para Sempre [Together
Forever] (Cameron Dokey)
Sabe aquele livro perfeitinho para
adolescentes? Assim é este livro. Natalie e Dean formam aquele casal fofíssimo
que contracena um romance daqueles que fazem a gente se apaixonar. Sim, esse é
pra você que gosta de livros bem apaixonados e sem vulgaridades. Emprestei
tanto este livro, que deram fim nele! Conta a história de Natalie, uma maníaca
por horóscopo que depois de encontrar Dean, o cara perfeito, descobre que ele é
do signo errado. Parece uma besteira, mas é tão deliciosamente narrado em 1ª
pessoa, ora por Natalie, ora por Dean, que logo conquista o leitor. Talvez se o
relesse hoje, nem aplaudisse tanto, mas fui muito feliz por tê-lo lido na época
mais indicada. E aquela cena em que eles assam biscoitos juntos... Tá bom! Parei.
Isento-me de falar de Marcos Rey,
mediante sua respeitada imagem de autor infantojuvenil. Sozinha no Mundo foi tudo que li dele, mas duvido muito que tenha
escrito outro livro melhor. Pimpa é aquela garota heroína que você quer ajudar
o tempo todo enquanto lê este livro, livrando-a daquela desalmada assistente
social. Uma história super bem contada, que diverte, que emociona, que empolga
de tal maneira, que traz brilho aos olhos do leitor.
# 2º lugar → A Hora da Verdade (Pedro Bandeira)
Pedro Bandeira é, sem sombra de dúvida,
meu autor infantojuvenil favorito. Já revelei que A Hora da Verdade me tornou um leitor. Li tantas vezes que ainda me
recordo com detalhes dos ciúmes de Iara, do despeito de Roberta, da ingenuidade
de Miltão, da apaixonada e iludida Adele, do romantismo de Desmond, das
partidas de vôlei, das influências machadianas e shakespearianas, de tudo
enfim. Que livro! Nesta mesma posição, poderia pôr A Marca de uma Lágrima, A
Droga da Obediência, Descanse em Paz,
meu Amor, e imagino que muitos outros. Pedro Bandeira é o kara!
A universalidade deste livro já lhe
garante o 1º lugar. A obra de Exupéry é muito mais que um livro infantil. Li há
pouquíssimo tempo pela primeira vez, lamentando não tê-lo feito antes. É uma
obra-prima que te faz pensar em tanta coisa séria com uma delicadeza sutil e
inteligente ao mesmo tempo que obscura, que nem uma criança amedrontada por
algo terrível que presenciou. Incluí-o entre os dez melhores do ano passado e,
hoje, penso que o incluiria entre os dez melhores da vida. Não exagero quando
digo que o mundo precisa ler mais este livro.
Daniel Coutinho
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Escreva para o blog: autordanielcoutinho@gmail.com
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