Pensei
muito antes de fazer a resenha deste livro, hesitando em realizar a tarefa
desagradável de falar mal dele. Mas depois pensei: Só vou falar dos livros de
que gostei, merecedores de 4 ou até 5 estrelas? Qual mérito teriam os bons
livros se não existissem os ruins? Então, decidi que sim, que tinha de falar
deste livro, consciente de estar expressando unicamente minha opinião enquanto
leitor.
Ganhei
este livrinho das mãos de sua própria autora, a cearense Raquel Pereira, num
encontro de escritores ganhadores de um prêmio literário do qual participamos.
Isso foi em 2012. Engavetei os livros que ganhei nesse dia, e só agora decidi
que era hora de conhecê-los. Minha preferência pelo gênero romance levou-me a iniciar
por História entre Mundos, obra
infantojuvenil, vencedora do Prêmio
Rachel de Queiroz. Trata-se da estreia literária de Raquel, que tive
oportunidade de conhecer e, de antemão posso garantir, me causou boa impressão.
Gosto de livros infantojuvenis. Como já revelei no post anterior, eles foram
os primeiros responsáveis por hoje eu ser um leitor. Tenho inclusive um carinho
especial por muitos deles, o que será matéria para outra postagem.
Peguei
o livro da Raquel com boa disposição de ânimo, a fim de realizar uma leitura
descontraída e prazerosa, mas infelizmente não encontrei o que esperava. A
primeira coisa que me incomodou foram os inúmeros erros ortográficos. Consultei
a ficha catalográfica e, dentre os serviços da editora, constava “revisão”,
seguido do nome do responsável que prefiro nem citar aqui. Os erros são tantos
que, creio, não há uma única página do livro que esteja isenta deles; sem
contar que não se pode afirmar se a grafia obedece o antigo ou o novo acordo
ortográfico. Eis uma coisa que muito me incomoda em livros: erros. E não estou
falando desses erros propositais que privilegiam a oralidade da linguagem,
dentre outras situações perdoáveis; mas quando você usa “inchada” no sentido de
instrumento utilizado por agricultores... só pra citar “um” de incontáveis
erros bárbaros. Não lembro de ter lido livro com mais de duzentas páginas em
que não encontrasse pelo menos um erro. É natural. Quanto maior for o livro,
mais suscetível está a que seu revisor deixe passar alguma incorreção. No
presente caso, porém, ele só podia estar muito cego, que nem a própria autora.
Digo isto porque já publiquei livro e sei que antes da tiragem ser realizada, o
autor recebe um boneco da editora, que nada mais é do que um exemplar para
aprovação, onde se devem fazer as últimas emendas. Desculpem se me demoro tanto
nesse assunto, mas precisava desabafar minha indignação diante de um desleixo
tão inconcebível.
Passando
à narrativa, o livro conta a história de um jovem, Guilherme, que está concluindo
o ensino médio. Ele é apaixonado por uma menina da sala dele, mas não tem
coragem de se declarar, principalmente após descobrir que ela anda de namoro
com outro. Típico namorico adolescente. Mas não pensem que isso me incomodou! A
parte chata é quando Natália, a melhor amiga do nosso protagonista, dá-lhe um
lápis “mágico” de presente, objeto este encontrado de forma misteriosa numa
biblioteca de livros antigos, capaz de tornar realidade tudo o que seja escrito
por ele. Assim dizia o livro onde o dito lápis estava inserido.
Mesmo
sem acreditar nas estórias de Natália, Guilherme decide começar a escrever um
livro, onde pudesse criar um mundo perfeito, tão diferente do real, que é cheio
de injustiças e calamidades. Outra intenção sua é recriar com seus personagens
sua história de amor, na tentativa de dar um final feliz a ela. No entanto, ele
não tem controle sobre o que escreve e seus personagens acabam ganhando vida
própria. Na verdade, eles não passam de fantoches nas mãos da autora, e irão
representar diversos episódios da História Geral. São detestáveis essas
encenações e nessas passagens (que compreendem mais ou menos a metade do
livro), a obra alcança o ridículo. O que ainda me manteve acordado foram as
passagens em que o Guilherme não está escrevendo a tal história mágica que
reflete parcialmente em sua realidade.
Ademais,
este é um forte candidato à pior leitura do ano, e penso até que não me
agradaria nem se o tivesse lido na adolescência. A tentativa de sua autora de
unir Literatura, História, Ciência e até Filosofia saiu malograda. Os problemas
de estética literária, eu os perdoo da estreante Raquel; mas os inúmeros erros
dispostos em todo o texto... Deixa quieto! Não recomendaria a ninguém este
livro, mas quem quiser ler, faça e tire suas próprias conclusões.
Avaliação:
★
Daniel Coutinho
***
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