Já tive o prazer de divulgar por aqui um pouco do
trabalho do poeta Léo Prudêncio, compartilhando minhas impressões sobre dois de
seus livros: Baladas para Violão de Cinco Cordas e Aquarelas. Em
2019, o poeta surpreende seus leitores ao publicar O Matador de Cangaceiros,
sua primeira incursão pelo teatro.
Ambientado no sertão cearense do século passado, a
peça é de uma simplicidade bastante simpática, transcorrendo num cenário único.
O autor facilitou bastante o trabalho de representação pois, além de poucos
objetos serem necessários à cena, igualmente poucos são os personagens que
integram o drama.
Dividida em três atos, a peça é sobre um prefeito
que, na tentativa de livrar-se de um ataque de cangaceiros, recorre à
intervenção de Sócrates, um matador profissional que fora no passado um dos
soldados que dissiparam Lampião e seu bando.
Após firmar um trato com o matador, o prefeito
torna-se alvo do julgamento de várias pessoas, como sua esposa Luzirene, o
padre Ezequiel e a beata Maria da Conceição. Acredita-se que Sócrates é um
discípulo de Satã e que todos quanto recorrerem a ele terão parte com o maligno.
Mesmo sendo atacado pelo julgamento alheio, o
prefeito mantém seu trato com Sócrates, que executa o bando que ameaçava o lugar.
Mas, após esse episódio, uma série de problemas recai sobre a cidade, sendo
inevitável que muitos atribuam tudo de ruim ao suposto pacto do prefeito com
Sócrates.
A dinâmica da peça de Léo Prudêncio é muito
interessante e me surpreendeu bastante pelo ritmo que o dramaturgo estabelece
do início ao fim. As cenas transcorrem naturalmente e, embora tudo seja
aparentemente simples, a dramaticidade alcançada, especialmente no último ato, mantém
o expectador atento por todo o desenrolar da peça.
Mesmo sendo um drama ágil e divertido de
acompanhar, muitas situações são questionáveis e carecem de explicação. Os
meios por que Sócrates executa suas matanças, o mandato interminável do
prefeito e a fantasiosa seca de uma década são alguns dos elementos que me
pareceram exagerados ou muito artificiais. Quanto ao texto da peça, a reprodução
da linguagem falada também carece de algumas adequações.
O primeiro trabalho teatral de Léo Prudêncio não
perde o interesse do expectador em razão dos problemas acima apontados. Eu mesmo
adoraria assistir uma representação d’O Matador de Cangaceiros, pois,
enquanto lia, visualizava o efeito cênico muito facilmente. E era sim muito
bom!
Avaliação: ★★★
Daniel
Coutinho
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