sexta-feira, 16 de julho de 2021

Anne e a Casa dos Sonhos (Anne's House of Dreams), de Lucy Maud Montgomery - RESENHA #163

Dando sequência à leitura da série “Anne”, finalmente chegamos ao quinto livro. Anne e a Casa dos Sonhos (1917) difere dos volumes anteriores por não ser um romance episódico. Nele não temos muitos personagens novos ou uma sequência de várias situações embaraçosas a serem resolvidas por nossa ruivinha. Aqui, o enredo se concentra basicamente em três núcleos.

O primeiro deles é encabeçado pela protagonista da série que, após uma longa espera de três anos, finalmente se casa com Gilbert Blythe. O feliz casal decide viver no porto de Four Winds, próximo ao vilarejo Glen St. Mary, pois o tio-avô de Gilbert, David Blythe, que era o médico do lugar, estava se aposentando. Anne e Gilbert alugam uma bela casinha pertencente à Igreja Presbiteriana. Essa “casa dos sonhos”, como Anne a chama, carrega o encanto de ter sua fundação envolta numa romântica história de amor.

O contador desta bela história vem a ser James Boyd, o capitão Jim, que pertence ao segundo núcleo do livro. Após uma trajetória agitada por grandes aventuras em alto mar, o capitão Jim passa a ter uma vida sossegada na companhia do Marujo, seu gato de estimação, ficando ainda responsável por controlar o farol do porto de Four Winds.

O velho marinheiro preserva um manuscrito que chama de “livro da vida”, onde guarda suas memórias, alimentando o desejo de um dia encontrar um escritor hábil que possa transformá-lo num livro de verdade. Além dos lances aventurescos de seu diário, o capitão Jim guarda para si a história de seu único amor, contada para Anne num dos capítulos mais belos do romance.

O terceiro núcleo concentra-se na interessante Leslie Moore. A beleza de Leslie chama a atenção de Anne desde o primeiro momento. A maneira arredia como ela se porta, no entanto, só será esclarecida por Cornelia Bryant, personagem secundária que permeia todos os núcleos. O marido de Leslie, Dick Moore, perdera as faculdades mentais durante uma viagem a Cuba. O homem forte e opressor do passado torna-se numa criança inquieta e desmemoriada, vivendo sob os cuidados de uma esposa que nunca pudera amá-lo.

Anne e a Casa dos Sonhos comprova-nos a competência de sua autora para o romance tradicional. Montgomery conduz os núcleos simultaneamente e com certa facilidade que chega a surpreender. Por outro lado, talvez em atenção ao público jovem que pretendia alcançar, algumas escolhas me pareceram um tanto forçadas, sendo a mais problemática delas a reviravolta final que ocorre no núcleo de Leslie.

Apesar de suas soluções rápidas e mirabolantes (especialmente nos capítulos finais), Anne e a Casa dos Sonhos entrega alguns dos episódios mais memoráveis de toda a série, como o casamento de Anne, o funesto passado de Leslie e a melancólica história da Margaret perdida. É um belo livro, sem dúvida.

Avaliação: ★★★

Daniel Coutinho 

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