O terceiro livro da série “Anne” não causou-me
impressões tão positivivas quanto os dois anteriores; e já estou devidamente
prevenido de que o quarto volume não melhora muito essa situação. Espero de
verdade que a série não siga nesse ritmo decrescente até o final, pois ainda
temos muita matéria a ser percorrida antes de chegarmos ao último livro.
Anne da Ilha (1915) não
é um livro ruim, mas está longe de ser interessante como Anne de Avonlea,
e ainda mais distante da excelência do Anne de Green Gables. Faltou à
autora, nesta terceira obra, o espírito animador que aplicou aos livros
anteriores. Mesmo os novos personagens, que poderiam ter rendido boas passagens
ao romance, não ganharam o meu interesse ao longo da obra.
O livro começa muito bem. O leitor anseia por acompanhar
a entrada de Anne em Redmond, criando expectativas sobre a trajetória dela na
faculdade, mas o desenvolvimento dos fatos não é muito animador. A entrada de
Philippa Gordon na história parecia mesmo promissora para a trama, mas logo
percebemos que a personagem era de pouco fôlego, não restando-lhe muito que
fazer no livro além de ficar indecisa entre seus muitos pretendentes.
Priscilla Grant e Stella Maynard, as outras
companheiras de Anne, têm uma participação ainda menos significativa do que a mimada
Phil, parecendo quase figurantes na história. A autora, de modo geral, pouco
explora o universo de Redmond; como tentativa para tornar a vida de Anne em
Kingsport mais interessante, ela romantiza Patty’s Place, a casa dos sonhos,
mas o lugar também não constitui um grande interesse no livro.
As temporadas de Anne em Avonlea felizmente resgatam
a magia dos livros anteriores, pois reencontramos personagens já conhecidos e acompanhamos
o desenvolvimento deles. A morte de uma antiga companheira de Anne é um dos
pontos mais dramáticos do livro. Também é digna de nota a passagem em que Anne
visita a casa onde nasceu, em Bolingbroke.
Outro problema de Anne da Ilha é o arrastado
romance entre Anne e Gilbert. A participação do garoto neste terceiro livro
também não é das mais relevantes. Como se não bastasse a pouca interação do
casal principal, o aparecimento de Roy Gardner dá um esticamento desnecessário
ao livro, mas nada que supere o maçante romance de Janet Sweet e John Douglas.
Anne da Ilha realmente
me pareceu um livro esticado, ainda que seja provavelmente o menor volume da
série. As histórias que o compõem, em sua maioria, não me cativaram, mas Lucy
Maud Montgomery ainda assim consegue nos manter interessados pela trajetória de
Anne. Agora que nossa ruivinha já está formada, vejamos o que os próximos anos
lhe reservam…
Avaliação: ★★★
Daniel
Coutinho
***
Instagram: @autordanielcoutinho
Escreva para o blog: autordanielcoutinho@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário