terça-feira, 8 de junho de 2021

Anne da Ilha (Anne of the Island), de Lucy Maud Montgomery - RESENHA #159

O terceiro livro da série “Anne” não causou-me impressões tão positivivas quanto os dois anteriores; e já estou devidamente prevenido de que o quarto volume não melhora muito essa situação. Espero de verdade que a série não siga nesse ritmo decrescente até o final, pois ainda temos muita matéria a ser percorrida antes de chegarmos ao último livro.

Anne da Ilha (1915) não é um livro ruim, mas está longe de ser interessante como Anne de Avonlea, e ainda mais distante da excelência do Anne de Green Gables. Faltou à autora, nesta terceira obra, o espírito animador que aplicou aos livros anteriores. Mesmo os novos personagens, que poderiam ter rendido boas passagens ao romance, não ganharam o meu interesse ao longo da obra.

O livro começa muito bem. O leitor anseia por acompanhar a entrada de Anne em Redmond, criando expectativas sobre a trajetória dela na faculdade, mas o desenvolvimento dos fatos não é muito animador. A entrada de Philippa Gordon na história parecia mesmo promissora para a trama, mas logo percebemos que a personagem era de pouco fôlego, não restando-lhe muito que fazer no livro além de ficar indecisa entre seus muitos pretendentes.

Priscilla Grant e Stella Maynard, as outras companheiras de Anne, têm uma participação ainda menos significativa do que a mimada Phil, parecendo quase figurantes na história. A autora, de modo geral, pouco explora o universo de Redmond; como tentativa para tornar a vida de Anne em Kingsport mais interessante, ela romantiza Patty’s Place, a casa dos sonhos, mas o lugar também não constitui um grande interesse no livro.

As temporadas de Anne em Avonlea felizmente resgatam a magia dos livros anteriores, pois reencontramos personagens já conhecidos e acompanhamos o desenvolvimento deles. A morte de uma antiga companheira de Anne é um dos pontos mais dramáticos do livro. Também é digna de nota a passagem em que Anne visita a casa onde nasceu, em Bolingbroke.

Outro problema de Anne da Ilha é o arrastado romance entre Anne e Gilbert. A participação do garoto neste terceiro livro também não é das mais relevantes. Como se não bastasse a pouca interação do casal principal, o aparecimento de Roy Gardner dá um esticamento desnecessário ao livro, mas nada que supere o maçante romance de Janet Sweet e John Douglas.

Anne da Ilha realmente me pareceu um livro esticado, ainda que seja provavelmente o menor volume da série. As histórias que o compõem, em sua maioria, não me cativaram, mas Lucy Maud Montgomery ainda assim consegue nos manter interessados pela trajetória de Anne. Agora que nossa ruivinha já está formada, vejamos o que os próximos anos lhe reservam…

Avaliação: ★★★

Daniel Coutinho

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