domingo, 27 de junho de 2021

Anne de Windy Poplars (Anne of Windy Poplars), de Lucy Maud Montgomery - RESENHA #161

Anne de Windy Poplars (1936) veio curar-me da má impressão deixada pelo terceiro livro da série “Anne”. Embora Anne da Ilha não tenha sido uma leitura ruim, seu sucessor (considerando a cronologia do enredo e não a ordem de publicação) agradou-me consideravelmente mais.

Este quarto livro segue o formato de romance episódico dos anteriores (desconfio que toda a série seja assim). No entanto, as histórias retratadas neste volume, em sua maioria, pareceram-me quase tão interessantes quanto as dos dois primeiros títulos da série, que seguem sendo os meus favoritos até então.

Enquanto Gilbert Blythe estuda Medicina em Kingsport, Anne Shirley assume a função de diretora escolar em Summerside. Nossa ruivinha, contudo, encontra dificuldades para alojar-se na nova cidade, pois desbancara um membro da importante família Pringle que aspirava pelo mesmo cargo conquistado por Anne.

Após algumas buscas, a órfã de Green Gables acaba sendo acolhida em Windy Poplars, lar de duas viúvas, uma criada e um gato. Tia Kate e Tia Chatty são amáveis com Anne, e, embora sejam as donas do lugar, deixam-se dominar pela autoridade de Rebecca Dew, uma solteirona que, a despeito de sua aparente dureza, recebe Anne acolhedoramente.

O desafio maior de Anne, no entanto, consiste em lidar com a hostilidade dos Pringles, que tornam sua vida impossível em Summerside. Mesmo os alunos da escola de ensino médio, influenciados pelos rancores de seus maiores, assumem um comportamento indelicado perante a nova diretora. Como se não bastassem todos esses desafetos, Katherine Brooke, a vice-diretora, alimenta uma antipatia gratuita por sua superiora.

Mesmo com mil problemas de adaptação em Summerside, a sensibilidade de Anne não permite que ela ignore uma das personagens mais interessantes deste quarto volume. Elizabeth Grayson é uma garotinha de oito anos que vive na companhia de sua bisavó após o falecimento da mãe e o abandono do pai. A pobre criança, porém, sente-se rejeitada e não recebe carinho de ninguém, sendo mantida isolada na maior parte do tempo.

Todos esses sucessos são relatados por Anne através de cartas endereçadas a Gilbert, mas nem todos os capítulos do livro seguem esse formato epistolar. Ao longo da obra, vamos acompanhando diversos episódios protagonizados pelos habitantes de Summerside, pois Anne, tal como no livro anterior, funciona mais como uma mediadora de conflitos.

Senti falta de uma maior participação de nossos queridos personagens de Avonlea, embora fique claro que a proposta de Anne de Windy Poplars seja outra, o que também explica a ausência das respostas de Gilbert às cartas de sua noiva. Em contrapartida, boa parte dos causos deste quarto livro são repletos de carisma e bom humor.

A leitura de Anne de Windy Poplars veio confirmar para mim mesmo o quão significativo tem sido acompanhar a trajetória de Anne Shirley, ainda que os livros da série não sejam inteiramente voltados para ela. Tornou-se mais compreensível a pretensão da autora com essas publicações. Lucy Maud Montgomery é antes de tudo uma contadora de histórias; Anne Shirley, por sua vez, uma facilitadora de tantas criações.

Avaliação: ★★★

Daniel Coutinho

 ***

Instagram: @autordanielcoutinho

SKOOB: http://www.skoob.com.br/usuario/1348798
Escreva para o blog: autordanielcoutinho@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário