Dando sequência ao meu propósito de ler o teatro
completo do doutor Macedinho (projeto este que andava meio abandonado rs), li
desta vez o drama Amor e Pátria (1859), peça esta constituída num único
ato.
A ação se passa poucos dias após a independência do
Brasil e, embora classificada como drama, a peça tem ares de opereta cômica. De
poucos personagens, Amor e Pátria traz um enredo simples e ligeiro.
É o aniversário de Afonsina e, para tal ocasião,
seus pais, Leonídia e Plácido, reservam-lhe uma grande surpresa. Nossa
aniversariante é uma jovem bastante instruída em conhecimentos diversos, o que
a torna alvo das censuras de seu tio Prudêncio, que julga a educação de
Afonsina um tanto inapropriada para uma mulher que, no seu entender, deveria
entender menos de política que do ofício doméstico.
É interessante reconhecer nesta, como em outras obras
de Macedo, seu esforço em defender o lugar da mulher na sociedade brasileira,
mas um lugar distinto daquele que se entendia em meados do século XIX. Afonsina
é uma mulher preocupada com o futuro político de sua pátria e, por sua vez,
censura o tio por seu comodismo perante os conflitos em torno da independência
da nação.
O sentimento patriótico de Afonsina, contudo,
encontrará abrigo no coração de Luciano, jovem revolucionário e defensor do
príncipe (que se tornaria D. Pedro I). No entanto, uma rede de mentiras leva a
crer que Plácido é um inimigo do príncipe português, e que Luciano fora seu
denunciante, o que compromete a surpresa do aniversário de Afonsina, como
também o destino do jovem casal.
Não saberia apontar as pretensões de Macedo com esta
breve cena dramática. A despeito de seu tema patriótico, Amor e Pátria
está longe de alcançar a dramaticidade épica d’O Jesuíta de Alencar, por
exemplo. Se a intenção, porém, era tão somente celebrar nossa independência
através de um passatempo corriqueiro, certamente que o objetivo não se perdeu.
Avaliação: ★★★
Daniel
Coutinho
***
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