Em 2019,
como em todos os anos, não me faltaram bons livros. Embora tenha lido
relativamente menos que em 2018, as escolhas deste ano foram mais acertadas, de
maneira que nenhum livro avaliado com “3 estrelas” entrou para este ranking.
Dos autores que figuraram ano passado, apenas D. Júlia se manteve, o que tem
confirmado minha estima pela autora. A literatura brasileira predominou como
nunca antes na história deste blog: 7 títulos nacionais. Além deles, figuram
aqui um romance inglês, um francês e um espanhol, este último ocupando a
ambicionada primeira posição. Vamos conferir?
Após uma
sequência de decepções, fiz as pazes com a autora de Éramos Seis. Os Rodriguez,
talvez por ser um romance mais conciso, agradou-me do início ao fim. Com uma ou
outra passagem mais exagerada, o livro conseguiu me prender com seu ritmo
acelerado, deixando-me sempre curioso pelo destino de Dora e seus filhos. Mas
foi o forte teor dramático da obra, como na cena da saraivada de joias, que
garantiu sua inclusão neste ranking.
O último
romance que me faltava ler da Rachelzinha proporcionou-me uma despedida deveras
feliz. Foi no aconchegante colo desta saudosa vovó que conheci finalmente a
história de Mariano, um homem comum como qualquer outro, com suas ditas e
desditas, mas sobretudo com muita esperança de realizar o seu sonho dourado.
Este ano
travei conhecimento com o Macedo dramaturgo e li duas de suas peças. É uma
grande alegria ver que uma delas já entrou para meu Top10 de melhores do ano.
Adriano é aquele pobre coitado que o leitor deseja ardentemente poder ajudar. A
estratégia que o faz ascender socialmente é divertidíssima, como tudo o mais
nessa brilhante ópera: tipos caricatos, tiradas humorísticas, canções jocosas,
etc. Mesmo o argumento não sendo original, Macedo realizou um excelente
trabalho de adaptação.
Mesmo não
tendo ficado plenamente satisfeito com a solução mirabolante apresentada ao
final do livro, preciso admitir que o percurso desta leitura foi simplesmente eletrizante,
do tipo que faz a gente avançar muitas páginas em pouco tempo. Esta minha
primeira experiência com Agatha Christie fez-me entender todo o culto prestado
à grande dama do romance policial.
Os contos de
Marco Severo deixaram-me impactado por diversos momentos, não exatamente pelo
estilo pungente de suas tramas, mas pela capacidade do autor de emoldurar
causos tenebrosos em pequenas joias literárias. Uma escrita cuidada, bem
executada e sem grandes pretensões: um modelo ao qual os contemporâneos
deveriam atentar-se mais.
Depois de
ter me impressionado com A Intrusa
ano passado, D. Júlia mantém-se entre os melhores do ano, desta vez com um
romance de deixar qualquer um ressacado. A
Falência, além de constituir excelente leitura, tem o mérito de reverberar.
Depois de um tempo, o livro cresceu tanto para mim que, às vezes, penso não ter
feito uma avaliação muito justa para ele. Quem sabe numa releitura?
As crônicas
de Bruno Paulino ganharam meu coração. Enquanto lia alguns de seus textos,
pensava: “vendo assim, parece tão fácil”. Mas a verdade é que nem todo mundo
consegue transmitir sentimentos de forma tão franca e honesta como Bruno. Seu
narrador parece um menino traquinas, desses que dizem o que pensam, desses que só
falam a verdade.
Às vezes
penso que Macedo não pode me impressionar mais do que já fez até agora. Mas
este ano ele não só me impressionou, como teve dois de seus livros neste
ranking, além de um terceiro, O Forasteiro, ao qual eu faço uma menção honrosa. O romance de Luisinha e
Milo é uma das coisas mais fofas para se ler na vida. Não entendo como possa
estar tão esquecido do grande público. O
Rio do Quarto é, como já disse em resenha, uma pérola.
Todo mundo
já tinha lido, menos eu, admito! Mas enfim conheci Tistu, esse menininho que
com um toque mágico muda tudo ao seu redor. Como não amar Tistu? Zezé,
Marcelino, o Principezinho... Essas crianças têm me ensinado tanto... E a
verdade é que muita gente carece bastante de aprender com elas!
Fazer a
resenha deste livro foi uma tarefa dificílima para mim porque, conforme
mencionei no próprio texto, seu valor transcende qualidades literárias. Marcelino Pão e Vinho é muito mais que
uma obra de arte: é uma lição de amor e humanidade. É um livro que nos faz
pensar no quanto estamos corrompidos pelas misérias deste mundo e,
principalmente, esquecidos do real sentido da palavra “amor”.
Daniel Coutinho
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Escreva para o blog: autordanielcoutinho@gmail.com
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