O
Menino do Dedo Verde (1957), do francês Maurice Druon, é outro daqueles
livros que não tenho certeza se lamento não ter lido na infância, como O Pequeno Príncipe, Marcelino Pão e Vinho e O Meu Pé de Laranja Lima. Provavelmente não. Embora seja inevitável o pensamento
de que “eu deveria ter lido antes”, o aproveitamento que se atinge na
maturidade acaba desculpando-me de todo.
Tistu é mais um daqueles personagens imortais
que, ao lado do principezinho, de Marcelino e de Zezé, ficarão para sempre
marcados em minha trajetória de leitor como exemplos de crianças inspiradoras.
Espero conhecer muitas outras, a fim de ampliar a coleção rs.
Em relação às outras obras citadas, O Menino do Dedo Verde pareceu-me de estilo
mais propriamente infantil, escrito numa linguagem mais acessível às crianças.
Com dinamismo e bom humor, vamos acompanhando a trajetória do pequeno João
Batista, ou simplesmente Tistu, que mora na Casa-que-Brilha, na companhia do
Sr. Papai, de dona Mamãe e dos empregados da casa. Eles residem em Mirapólvora,
onde o Sr. Papai é dono de uma fábrica de material bélico.
Com a idade de oito anos, Tistu é mandado a uma
escola, mas seu desempenho acaba comprometido graças ao sono experimentado em
todas as aulas. Mandado para casa, por “não ser como todo mundo”, Tistu acaba
tendo sua educação confiada aos empregados de seu pai que, através dos exemplos
da vida, cuidariam de sua instrução pessoal. Durante uma aula de jardinagem com
o Sr. Bigode, Tistu acaba descobrindo que tem polegar verde, o que lhe permite
fazer florescer tudo quanto possa tocar.
O extraordinário poder de Tistu será usado nas
mais diversas situações, na tentativa de mostrar às crianças (mas não só a
elas) o poder das coisas simples sobre os problemas humanos. O autor nos leva a
refletir sobre violência, desigualdade social e até sobre guerra, mas sempre de
forma leve e descontraída, envolvendo-nos ainda com um toque de conto de fadas
que emana de sua prosa.
É notório que, assim como nos demais clássicos
já mencionados, o tema da morte também apareça aqui, ainda que tratado de modo
menos pungente. O destino final do protagonista, entretanto, suaviza o
momentâneo processo de tensão por que passa a narrativa em sua última etapa.
Doce como um sonho de criança, O Menino do Devo Verde, ainda que de
leitura mais rápida e passageira, dá-nos aquela tentaçãozinha de, ao fecharmos
o livro, retornarmos à primeira página, para descermos com Tistu várias vezes pelo
corrimão e prosearmos um bocado com o pônei Ginástico, na tentativa de esquecer
os vários motivos pelos quais os homens divergem tanto.
Avaliação: ★★★★★
Daniel Coutinho
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