domingo, 8 de setembro de 2019

O Caso dos Dez Negrinhos (Ten Little Niggers), de Agatha Christie - RESENHA #109

Há muito que desejava conhecer a festejada “dama do crime”, a inglesa Agatha Christie, mas, dada a grande quantidade de obras com sua mais famosa criação – o detetive Hercule Poirot –, preferi realizar tal incursão por um de seus livros avulsos, O Caso dos Dez Negrinhos (1939), apontado como o romance policial mais vendido da história. O livro atualmente é veiculado sob o título E Não Sobrou Nenhum.

A trama causou-me uma ótima impressão geral, mostrando-se interessante do princípio ao fim, ainda que bastante artificial. A narrativa é visivelmente metódica e, por isso, algumas passagens podem parecer forçadas, uma vez que precisavam atender ao método preestabelecido pela autora. O livro é, contudo, muito bem escrito e meticulosamente planejado segundo seus propósitos.

Dez pessoas são confinadas numa ilha, atraídas por diferentes razões, todas elas com um crime oculto no passado. A mansão onde ficam hospedadas pertence ao incógnito Sr. Owen. Durante um jantar, todos os crimes são relatados por uma gravação, o que deixa todos os hóspedes apreensivos. Três deles são assassinados inexplicavelmente; cada morte se encaixa curiosamente nos versos de um antigo poema sobre “dez negrinhos”, exposto em cada um dos quartos da bela casa. Finalmente, sobre a mesa de jantar estão dispostos dez negrinhos de porcelana, que vão sumindo misteriosamente, conforme os assassinatos vão sendo cometidos.

Após uma completa vistoria por todos os recantos da ilha, os hóspedes chegam à surpreendente conclusão de que o Sr. Owen é um deles. A partir daí, todos são encarados como suspeitos uns pelos outros, mas uma constante vigilância não impede que os assassinatos continuem acontecendo, atendendo sempre aos fatídicos versos do poema já mencionado. Impossibilitados de pedir ajuda por conta do mau tempo na ilha e sem poder confiar em ninguém, cada um terá de lutar pela própria sobrevivência.

Agatha Christie arquitetou toda a trama com admirável perícia. Conforme ia lendo, questionava como ela faria com que as mortes subsequentes se encaixassem no poema. Ficava decepcionado sempre que meus suspeitos acabavam mortos, principalmente nos capítulos finais, quando aparentemente todos os personagens me pareciam inocentes.

Embora as últimas execuções não tenham soado muito convincentes e a solução final apontada pelo epílogo tenha sido no mínimo mirabolante, a leitura d’O Caso dos Dez Negrinhos divertiu-me tanto, que acabei relevando os exageros do livro em favor do excelente entretenimento que este me proporcionou.

Sobre o que me diziam de Agatha Christie: não mentiram para mim rs.

Avaliação: ★★★★

Daniel Coutinho

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3 comentários:

  1. Talvez para uma próxima leitura você tente a Casa torta ou Punição para a Inocência...

    Obs. Esses dois são, para a autora, os seus livros mais bem escritos.
    Mas se quiser Poirot, seria uma boa "Os crimes Abc"

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    1. O mais legal das suas dicas é que parecem ser histórias cujos detetives não aparecem em outras obras. Se não me engano, "Noite sem Fim" também é outra dessas histórias avulsas. Não pretendo ler os livros com Poirot.

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    2. Ah sim, Agatha é fenomenal por muitos motivos, tenho muitos dela aqui em casa e sempre recomendo como primeiras leituras.

      Espero tuas futuras leituras e dicas. Um abraço.

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