sábado, 15 de outubro de 2022

Teatro Flutuante (Show Boat), de Edna Ferber - RESENHA #189

Faz tempo que não falamos mal de livros por aqui, hem! Ficaram com saudades? Pois hoje temos um prato cheio. Acabo de finalizar aquele que deve ter sido o pior livro do ano. E vejam que já passaram por aqui A Vida que Sonhei e O Brigue Flibusteiro que lutaram ferozmente por esse título; mas Teatro Flutuante, da norte-americana Edna Ferber, desbancou facilmente seus adversários.

Não consigo entender o sucesso de público que foi Teatro Flutuante, quando de sua publicação em 1926, tendo sido posteriormente adaptado para um musical de sucesso da Broadway. Em poucas palavras, o livro é péssimo. O enredo é fraquíssimo, os personagens são desinteressantes, a escrita não vai além do razoável, e todos esses problemas tornam a leitura cansativa e arrastada.

As primeiras cem páginas já desafiam fortemente a paciência do leitor; e, nesse percurso, cheguei a abandonar o livro. Mas o valor sentimental que dedico à saudosa Coleção Saraiva fez com que retomasse a leitura, e tive esperanças de que dali por diante tudo seria menos ruim. Não nego que de fato a narrativa se torna mais tolerável depois desse primeiro terço enfadonho, mas nada que possa compensar essa primeira prova de resistência.

O romance nos apresenta a família Hawks, que dirige o teatro flutuante “Flor do Algodão”. Esses teatros flutuantes eram muito comuns até o princípio do século passado; eram embarcações que proporcionavam espetáculos de música e teatro para o grande público das cidades ribeirinhas.

Embora a autora nos conte um pouco da trajetória de Andy Hawks e Parthenia Ann Hawks, a maior parte do romance se concentra na filha única do casal: Magnólia. Esta, mesmo contra a vontade da mãe, que é extremamente conservadora, cresce em meio a esse mundo artístico de atores e atrizes de baixa categoria. Dessa forma, Magnólia inevitavelmente acaba se tornando também uma atriz itinerante.

O romance também explora a relação conflituosa entre Magnólia e Gaylord Ravenal, que entra casualmente para o elenco do “Flor do Algodão”, cobrindo uma vaga em aberto de galã. Os dois casam às escondidas por conta da negativa de Parthenia. A difícil relação com a sogra convence Gaylord a levar a esposa para Chicago, onde poderia praticar com mais liberdade o vício do jogo.

O estilo de vida desregrado de Gaylord provoca vários dissabores para o jovem casal, e Magnólia teme pela estabilidade da filha, a pequena Kim. Eles vivem uma existência sem raízes, migrando de hotel para hotel, segundo as circunstâncias ditadas pela sorte de Ravenal em suas jogatinas.

A premissa do livro certamente não é ruim e, a partir do cenário e galeria de personagens estipulados pela autora, uma grande trama poderia ser construída, repleta de episódios dramáticos e cheios de interesse. Mas infelizmente não é o que ocorre em Teatro Flutuante, onde as situações se arrastam através de cenas mal elaboradas e parênteses desnecessários.

Diante de uma obra tão problemática, o mínimo esperado era um desfecho digno, mas nem isso a autora nos entrega, uma vez que o último capítulo é um dos mais tediosos. Conclusão: Teatro Flutuante foi a leitura mais desnecessária que fiz este ano. Não leiam, é isso rs!

Avaliação:

Daniel Coutinho

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