A segunda peça que li de Macedo, O Primo da Califórnia (1855), causou-me
bem melhor impressão. Trata-se de uma ópera em dois atos, inspirada livremente
na comédia L'Oncle d'Amérique, do
dramaturgo francês Eugène Scribe.
Diferente de Luxo e Vaidade, o enredo interessou-me mais, graças às novidades e atrativos da
trama. Percebi a mesma leveza da peça anterior, mas com um toque de humor
acentuado, como também o caráter artificial da obra, que traz personagens mais
caricatos e notadamente teatrais. As músicas insertas na dramatização, associadas
ao comportamento afetado dos tipos, confere à ópera certo tom infantil.
Adriano é um pobre músico que está passando por
grandes dificuldades financeiras. Além disso, à exceção de sua amada Celestina,
todos lhe dão as costas e lhe negam uma oportunidade. Excitado pela bebida, ele
acaba inventando a história de que tem um primo rico na Califórnia, de quem
será herdeiro universal. Os amigos de Adriano, desejando desforrarem-se da
mentira, decidem publicar em vários jornais uma falsa nota sobre o falecimento do
suposto primo da Califórnia. A notícia se espalha e a sorte de Adriano muda do
dia para a noite, pois todos aqueles que lhe deram as costas tentarão uma
reaproximação, interessados na fortuna do novo
milionário.
O Primo
da Califórnia tem um ritmo bastante agradável que,
possivelmente, deve-se realçar em cena. Os diálogos são inteligentes,
divertidos e sem as pretensões moralizadoras de Luxo e Vaidade. Adriano ganha facilmente a simpatia do leitor, que
nem quando pede à sua altiva criada Beatriz que vá ver se ele está escondido num
canto qualquer da casa rs.
No mais, O
Primo da Califórnia, não obstante seus exageros, reúne tudo aquilo que o
público espera encontrar no teatro: boa história, bom humor e excelente
diversão.
Avaliação: ★★★★
Daniel Coutinho
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