Apesar de
ter lido consideravelmente menos em 2023, não poderia deixar de destacar as
leituras mais marcantes do ano passado. Infelizmente tive muitas decepções
literárias ao longo de todo o ano. Orgulho e Preconceito deve ter sido a maior delas. O aclamado clássico de Jane
Austen não me conquistou da forma esperada, e a impressão final foi a de um
livro datado e superestimado. Um volume de contos de Rachel de Queiroz (uma de
minhas prosadoras favoritas) foi possivelmente o livro que menos gostei da
autora até agora. O Almirante, de
Domingos Olímpio, um dos livros mais ansiados por mim, com seus altos e baixos
acabou sendo um romance bastante mediano. E, finalmente, os livros de que não
gostei, como Laranja Mecânica e Torto Arado, fizeram de 2023 um ano
difícil para este leitor. Mas passemos finalmente aos alentos do ano, ou seja,
àqueles livros que nos fazem lembrar por que somos leitores apaixonados.
# 5º lugar → JANE EYRE,
de Charlotte Brontë (3 estrelas)
Lamento que
este livro tão importante para a literatura universal apareça aqui simplesmente
como uma menção honrosa. Eu realmente esperava mais de Jane Eyre, e até previa gostar mais dele que d’O Morro dos Ventos Uivantes, o que não aconteceu. Tenho criado uma
antipatia insuportável pelos “mocinhos” ingleses. Valancourt, Heathcliff, Mr.
Darcy... Detesto todos eles. Quanto ao senhor Rochester, meus sentimentos foram
um tanto contraditórios. Eu realmente penso que Jane merecia um homem melhor;
mas, quando lembro de seu outro pretendente, aquele primo irritante que queria
obrigá-la a ser missionária na Índia, acho Rochester formidável. No mais, o
livro tem diversas passagens interessantíssimas, algumas até que me levaram às
lágrimas. Eu simplesmente não conseguiria pensar nas leituras do ano passado sem
lembrar de Jane Eyre.
# 4º lugar → MAURÍCIO, de
Bernardo Guimarães (4 estrelas)
Todos sabem
que eu amo uma boa literatura de entretenimento, gênero este do qual Bernardo
Guimarães é simplesmente um mestre. Suas histórias, para mim, nunca perdem o
fascínio e o sabor característico das narrativas orais. Maurício, em análise literária, talvez seja seu romance menos
polido, o que em nada compromete os atrativos de um enredo envolvente e que
mantém o leitor cativo do início ao fim. Os capítulos que escreveu para O Bandido do Rio das Mortes (continuação
de Maurício) são uma amostra comprobatória
de uma grandiosidade que infelizmente não pôde ser concluída, e que só por isso
não integrou esta seleção.
# 3º lugar → O CAPOTE e outras histórias, de Nikolai Gógol (4 estrelas)
As narrativas curtas de Nikolai Gógol surgiram em meu caminho como uma luz no fim do túnel e, curiosamente, abriram uma sequência de ótimas leituras. “O capote” e “O nariz” são textos tão inovadores para a época em que foram publicados, que não há como não ficar surpreso com a genialidade de Gógol. Embora o “fantástico” não seja o gênero da minha preferência, o estilo criativo e bem-humorado do autor russo me conquistou definitivamente. Maior surpresa do ano, sem dúvida!
# 2º lugar → A PRINCESINHA,
de Frances Hodgson Burnett (5 estrelas)
Sim, eu
ainda avalio livros com 5 estrelas rs! E, para comoção geral, ano passado isto
aconteceu duas vezes seguidas! Eu mesmo ainda nem acredito rs. A Princesinha é o segundo livro que leio
de Frances Burnett. O Jardim Secreto,
também avaliado com 5 estrelas, foi a melhor leitura de 2020 e, desde então, os
livros de Frances estiveram no meu radar, embora não tenha muitos títulos dela.
A Princesinha me fez questionar se
gostei mais dela que do Jardim, e até
agora não cheguei a uma conclusão. Acho ambos os livros incríveis, belíssimos e
transformadores. Eu, particularmente, acho uma tarefa dificílima escrever um
livro infantil que agrade (de verdade!) também ao adulto; e Frances faz isso
com maestria. Sua escrita exerce um fascínio instantâneo sobre o leitor.
Pessoas que abandonam seus livros precisam ser estudadas.
# 1º lugar → A VIÚVA SIMÕES,
de Júlia Lopes de Almeida (5 estrelas)
Que saudade
que senti de minha querida D. Júlia! Em 2022, por conta do projeto pessoal com
a “Coleção Saraiva”, não pude ler um novo título da autora. Mas ano passado nos
reencontramos e selamos de vez nosso caso de amor. Júlia Lopes de Almeida
tornou-se oficialmente, até o presente momento rs, minha escritora preferida.
Quando iniciei A Viúva Simões, embora
estivesse gostando bastante, não imaginava a excelência que o livro alcançaria
até o capítulo final. É emocionante o sentimento de grandeza que uma obra de
arte pode proporcionar: quando a contemplação se apresenta como um privilégio.
É assim que me sinto quando leio D. Júlia: um privilegiado.
Daniel Coutinho
***
Instagram:
@autordanielcoutinho
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