Acredita-se que a mais curta das tragédias de
Shakespeare tenha ido à cena em 1606, sendo publicada apenas em 1623. Macbeth está ainda entre as quatro
tragédias mais celebradas do grande bardo inglês.
A peça nos apresenta o grande general escocês Macbeth
que, após receber a profecia de três bruxas de que se tornaria monarca,
deixa-se levar pela ambição e, persuadido pela mulher, decide assassinar seu
primo Duncan, rei da Escócia.
Esse primeiro crime é decisivo no comportamento
do personagem que, a partir daí, passa por uma transformação de caráter,
deixando-se corromper cada vez mais. Receosos pela própria vida, os filhos de
Duncan acabam fugindo da Escócia, sendo por esta atitude encarados como
possíveis suspeitos. Mas o temor de Macbeth é que, tal como também mencionado
na profecia das bruxas, a linhagem de Banquo, seu companheiro de armas, tome de
sua própria linhagem o poder da nação escocesa. Para evitá-lo, o grande general
ordena a morte de seu companheiro, como a de seu filho Fleance, mas este último
acaba escapando.
Malcolm, filho de Duncan, que acaba descobrindo
o jogo do usurpador de seu pai, busca aliados na coroa inglesa para a derrubada
do tirano. Macduff e outros nobres escoceses também aliam-se a ele, enquanto
Macbeth, apreensivo pelo seu destino e atormentado pelo fantasma de Banquo,
recorre às bruxas outra vez para descobrir os perigos que o ameaçam. Fica pois
tranquilizado ao ouvir que jamais seria derrotado enquanto a floresta de Birnam
não se deslocasse até seu castelo, como também jamais seria vencido por
qualquer que fosse parido por mulher. Os artifícios ocultos por essas
promessas, no entanto, acabam deixando-o desprevenido sobre os iminentes
perigos que poderão levá-lo à ruína.
Devo ter desgostado de Macbeth mais do que de outras tragédias lidas devido ao pouco
espaço dado à natureza boa do protagonista antes de sua perversão. Diferente do
que ocorre em Hamlet ou Otelo, Shakespeare, talvez pelo pouco
espaço dado à peça, não se detém muito nas provas de nobreza de seu
protagonista. A ideia que fazemos do general Macbeth, como de sua esposa lady
Macbeth, é a de que são seres egoístas e desprezíveis que, movidos pela
ambição, são capazes das maiores torpezas.
Ainda que o desfecho da peça tenha sido mais do
que justo, seu desenrolar e a feitura de suas cenas não me entusiasmaram tanto
quanto as demais obras que já li de Shakespeare, como devo ter transparecido
nesta resenha. Não ponho, contudo, em discussão as qualidades literárias de Macbeth. A questão é, como costumo
dizer, unicamente de gosto pessoal.
Avaliação: ★★★
Daniel Coutinho
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