Há muito que aprecio a prosa do Dr. Macedinho e,
de fato, já tenho lido quase uma dezena de seus numerosos romances. Desejava,
contudo, aventurar-me por sua obra teatral, igualmente vasta, até que o momento
finalmente chegou.
Luxo e
Vaidade (1860) certamente não foi a escolha mais acertada para
travar relações com o Macedo dramaturgo, para mim que, conhecedor da prosa
romanesca do autor d’A Moreninha, não
foi difícil reconhecer certos ingredientes já aproveitados em obras anteriores.
Trata-se de uma comédia em cinco atos que me pareceu uma mistura de O Moço Loiro, Rosa e Vicentina.
Maurício é um funcionário público que, seduzido
pelo luxo e pela vaidade, acaba sacrificando seu capital, atendendo às
exigências e caprichos de sua esposa Hortênsia e sua filha Leonor. Iludido pelo
status que lhe confere a sociedade, Maurício despreza seu irmão Felisberto, um
humilde marceneiro, como também seu sobrinho Henrique, um jovem pintor.
Os pais de Leonor, vendo-se ameaçados por
incontáveis dívidas, pretendem casá-la com o comendador Pereira, na tentativa
de preservar as aparências. Será Anastácio, rico fazendeiro e irmão mais velho
de Maurício, quem intervirá na situação, uma vez prevenido dos sentimentos de
sua sobrinha pelo primo Henrique, como também das más intenções de dona
Fabiana, que conserva antigos rancores desta família.
A trama, como já disse, não apresenta novidades
a quem porventura tiver lido os romances supracitados. Não tinha como não
lembrar de Hugo planejando o casamento de Honorina com Otávio em O Moço Loiro; das investidas malignas de
uma outra dona Fabiana em Vicentina; e da intervenção providencial
de um outro Anastácio em Rosa. Nos dois últimos casos, Macedo
parece ter aproveitado propositalmente os mesmos tipos, sem tirar nem pôr.
É provável mesmo que a intenção de Macedo com Luxo e Vaidade fosse levar as histórias
de seus romances ao grande público de brasileiros não alfabetizados. A
construção da peça, como sua organização cênica, estão bem realizadas e
oferecem um divertido entretenimento aos espectadores. Assinalo, contudo, os
discursos prolongados nas falas de alguns personagens que, a meu ver, suspendem
o interesse pela trama.
Avaliação: ★★★
Daniel Coutinho
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