Alberto
Porfírio (1926-2009) foi um importante cordelista cearense e de reconhecimento
internacional. Além de escritor, era professor, escultor e xilógrafo. De sua
vasta produção cordelística, podemos destacar A Estátua do Jorge como um de seus folhetos mais populares.
Escrito
em “linguagem matuta”, A Estátua do Jorge
não segue uma estrutura fixa, possuindo estrofes de dois a nove versos, o que
faz com que as rimas também variem em suas sequências rítmicas.
O
folheto conta a história de Luiza, a moça mais bonita da Serra do Perêro, que
aos quinze anos dedicou amor a seu primo Jorge, desprezando uma grande porção
de pretendentes. Consumado o casamento, Luiza só pensa em ser uma boa esposa e
ter logo um filho; Jorge, por sua vez, trabalha incansavelmente na roça, pois
tem planos de comprar uma casa e um caminhão. Tendo apanhado uma chuva enquanto
voltava do roçado, Jorge fica constipado, mas não abre mão de continuar
trabalhando no ritmo costumeiro, o que faz agravar sua doença. Luiza tenta
curar o marido inutilmente, até que ele vem a falecer.
Luiza,
inconsolável, jura nunca amar outro homem. Para curar sua saudade, encomenda
uma estátua de madeira do falecido Jorge, chegando a vesti-la com as roupas do
finado. Lembrou-me até Encarnação, do
José de Alencar rsrsrs, mas a verdade é que são obras com propostas
completamente diferentes. Alberto Porfírio, com sua poesia matuta, propõe a
reflexão de que o tempo faz esquecer tudo: “Quem num quizé sê isquicido/Si
ajeite pra num morrê.”, diz ele. Assim, Luiza acaba deixando seu adorado
“Jorge” na poeira, pois um interessante “freguês” começa a ocupar seu tempo.
Tendo que preparar café para ele, avisada de que a lenha acabara, Luiza ordena
à empregada: “Lasque o Jorge!...”.
Interessante,
divertido, realista... A Estátua do Jorge
é um verdadeiro mimo dessa tão admirável poesia popular, que é doce aos nossos
ouvidos e tão a cara do meu Ceará.
Avaliação: ★★★★
Daniel Coutinho
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Esse cordel foi imortalizado pelo radialista Guajará Cialdine em seu programa de rádio, no início dos anos 80.
ResponderExcluirNão sabia disso, Ailton. Obrigado por informar.
ExcluirAbraço!
Verdade, estou fora do Ceará a desde 82,e já tentei encontrar essa poesia na voz de Guajará, porém não consegui.
ExcluirEra ótima a interpretação.
A narração dos cordéis de humor na voz de Guajará Cialdine era impagável! Já pesquisei bastante e não achei nada dele gravado. Encontrei apenas uma imitação feita por um sobrinho dele. A voz é idêntica. Vou ver se acho e colocarei o link aqui.
ResponderExcluirPROFESSOR SERGIO SOBREIRA IMITANDO GUAJARÁ CIALDINE
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=aa-qSi79Bag
História de GUAJARÁ CIALDINI (tem a voz de Guajará)
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=Z1kOIbcZOMk
HOMENAGEM AO RADIALISTA GUAJARÁ CIALDINI E POESIA A ESTÁTUA DO JORGE
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=N_sYNEkwHDA