Faz tempo
que não falamos mal de livros por aqui, hem! Ficaram com saudades? Pois hoje
temos um prato cheio. Acabo de finalizar aquele que deve ter sido o pior livro
do ano. E vejam que já passaram por aqui A Vida que Sonhei e O Brigue Flibusteiro que lutaram ferozmente por esse título; mas Teatro Flutuante, da norte-americana
Edna Ferber, desbancou facilmente seus adversários.
Não consigo
entender o sucesso de público que foi Teatro
Flutuante, quando de sua publicação em 1926, tendo sido posteriormente
adaptado para um musical de sucesso da Broadway. Em poucas palavras, o livro é
péssimo. O enredo é fraquíssimo, os personagens são desinteressantes, a escrita
não vai além do razoável, e todos esses problemas tornam a leitura cansativa e
arrastada.
As primeiras
cem páginas já desafiam fortemente a paciência do leitor; e, nesse percurso,
cheguei a abandonar o livro. Mas o valor sentimental que dedico à saudosa
Coleção Saraiva fez com que retomasse a leitura, e tive esperanças de que dali
por diante tudo seria menos ruim. Não nego que de fato a narrativa se torna
mais tolerável depois desse primeiro terço enfadonho, mas nada que possa
compensar essa primeira prova de resistência.
O romance
nos apresenta a família Hawks, que dirige o teatro flutuante “Flor do Algodão”.
Esses teatros flutuantes eram muito comuns até o princípio do século passado;
eram embarcações que proporcionavam espetáculos de música e teatro para o
grande público das cidades ribeirinhas.
Embora a
autora nos conte um pouco da trajetória de Andy Hawks e Parthenia Ann Hawks, a
maior parte do romance se concentra na filha única do casal: Magnólia. Esta,
mesmo contra a vontade da mãe, que é extremamente conservadora, cresce em meio
a esse mundo artístico de atores e atrizes de baixa categoria. Dessa forma,
Magnólia inevitavelmente acaba se tornando também uma atriz itinerante.
O romance
também explora a relação conflituosa entre Magnólia e Gaylord Ravenal, que
entra casualmente para o elenco do “Flor do Algodão”, cobrindo uma vaga em
aberto de galã. Os dois casam às escondidas por conta da negativa de Parthenia.
A difícil relação com a sogra convence Gaylord a levar a esposa para Chicago,
onde poderia praticar com mais liberdade o vício do jogo.
O estilo de
vida desregrado de Gaylord provoca vários dissabores para o jovem casal, e
Magnólia teme pela estabilidade da filha, a pequena Kim. Eles vivem uma
existência sem raízes, migrando de hotel para hotel, segundo as circunstâncias
ditadas pela sorte de Ravenal em suas jogatinas.
A premissa
do livro certamente não é ruim e, a partir do cenário e galeria de personagens
estipulados pela autora, uma grande trama poderia ser construída, repleta de
episódios dramáticos e cheios de interesse. Mas infelizmente não é o que ocorre
em Teatro Flutuante, onde as
situações se arrastam através de cenas mal elaboradas e parênteses
desnecessários.
Diante de
uma obra tão problemática, o mínimo esperado era um desfecho digno, mas nem
isso a autora nos entrega, uma vez que o último capítulo é um dos mais
tediosos. Conclusão: Teatro Flutuante
foi a leitura mais desnecessária que fiz este ano. Não leiam, é isso rs!
Avaliação: ★
Daniel Coutinho
***
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