Quando li,
meses atrás, A Vida que Sonhei, de
Germaine Acremant, estava certo de que não haveria leitura pior ao longo do
ano. Porém, com muito pesar o digo, meu primeiro contato com a escrita do brasileiro
Virgílio Várzea acabou desbancando o romance francês.
O Brigue Flibusteiro (1904) foi sem dúvida a decepção do ano. Isto
porque eu alentava grandes expectativas em relação a esta leitura pelos seus
atraentes qualificativos: romance brasileiro do início do século XX com temática
marítima. De repente, A Corveta Diana,
do Hoonholtz, que eu julgava um passatempo bobo, parece agora uma obra-prima.
Quero muito
acreditar que O Brigue Flibusteiro é
uma excepcionalidade na obra de Virgílio Várzea. Já li comentários elogiosos
sobre seus contos. Talvez o contista tenha mais a oferecer, mas confesso-me
desinteressado por ler qualquer outra obra do autor. Quem sabe daqui a um
tempo?
Em O Brigue Flibusteiro não temos
exatamente um romance. É uma narrativa marítima, nada mais. É um desses
episódios desenxabidos que os vovôs contam mais para regalarem a si próprios
que a nós, seus netinhos entediados.
O enredo nos
conta sobre como Afonso Morgan, um comandante inglês, servindo ao seu tio, sai
da Ilha de Margarida (nas Pequenas Antilhas) no corsário “Falcão” com destino à
Ilha da Trindade, na intenção de interceptar o ouro brasileiro explorado pela
coroa portuguesa. Dois ou três episódios chamam atenção durante esse trajeto,
mas tudo é narrado com tanta imperícia imaginativa, que temos a impressão de
que nada acontece.
Não fosse
minha obstinação em finalizar este primeiro contato com Virgílio Várzea, eu
certamente não teria ido muito além do rapto de Mercedes, uma personagem que só
dorme e reza o tempo todo. Eu realmente não consegui extrair nada de positivo d’O Brigue Flibusteiro. Queria poder
dizer: Ah, mas tal personagem... tal cena... tal reviravolta... Infelizmente
não posso. Deixemo-lo repousar no esquecimento e passemos logo ao próximo.
Avaliação: ★
Daniel Coutinho
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