sábado, 9 de maio de 2020

Romeu e Julieta (Romeo and Juliet), de William Shakespeare - RESENHA #129

Desde que o mundo é mundo, o amor é o tema preferido da humanidade que, incansavelmente, o procura na música, na literatura, no cinema e em todo o resto. Todo mundo aprecia uma boa história de amor, ainda que alguns não admitam. Mas até hoje, em pleno século XXI, depois de uma infinidade de histórias de amor já compostas, uma se sobressai em fama e popularidade, resistindo de maneira assombrosa mais de quatro séculos. Há vivalma que não conheça Romeu e Julieta?

Acredita-se que a mais amada das peças de Shakespeare surgiu nos palcos em 1597, mesmo ano do aparecimento de sua primeira versão impressa. Romeu e Julieta marca ainda meu primeiro contato com o bardo inglês, experiência esta já mencionada por aqui (Cf. resenha de Hamlet).

Tal como se deu com minhas últimas releituras shakespearianas, o ar de novidade prevaleceu, como se estivesse lendo o texto pela primeira vez. Muito disso se deve às primorosas traduções de Barbara Heliodora que têm o mérito de trazer a nós, leitores de língua lusa, quase que o sabor do original. Salvo os incômodos da desconfortável edição do teatro completo pela Nova Aguilar, a experiência de (re)descobrir o dramaturgo elisabetano tem sido formidável.

Sempre que pego uma peça de Shakespeare, demoro um pouco até me habituar ao seu estilo clássico, mas, depois de travar conhecimento com os principais personagens em cena, a leitura consegue fluir mais naturalmente. No entanto, não consigo evitar certa comoção por estar diante de obra tão magistral.

Das peças que já li do autor de Macbeth, considero Romeu e Julieta a de mais fácil compreensão. É muito provável que o fato do enredo da peça ser amplamente difundido no mundo todo facilite a absorção do texto, mas, se lembrarmos dos solilóquios prolongados de Hamlet ou das intrigas engendradas por Iago, temos em Romeu um tipo muito simples de digerir.

Há uma doçura quase exagerada para uma tragédia nas páginas de Romeu e Julieta, além de rasgos de romantismo que clamam por marcação. Enquanto lia trechos desta qualidade, vislumbrava epígrafes perfeitas para possíveis obras futuras deste que vos escreve.

Não vou contar aqui a história que todo mundo já sabe do triste casal cujo amor encontra obstáculo nas diferenças entre suas famílias. Queria mesmo era dividir com vocês uma impressão muito feliz que tive desta última leitura: a de que Romeu e Julieta representa muito mais “amor” que “dor”, pois sua história é símbolo eterno das paixões humanas.

De fato, se aludido o célebre casal de Verona, antes de pensarmos no triste destino que se lê no último ato, lembraremos de dois seres apaixonados cuja história de amor ainda não se esgotou.

Avaliação: ★★★★★

Daniel Coutinho

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