Léo Vaz
(1890-1973) foi um escritor paulista muito apreciado em seu tempo, tendo seu
livro de estreia, O Professor Jeremias
(1920), recebido grandes elogios por seus contemporâneos. Mas, não fosse a
inclusão dessa obra na famigerada Coleção Saraiva, eu certamente não a teria
lido, uma vez que, como seu autor, está bastante esquecida, mesmo tendo ganhado
uma nova edição em 2001.
Aqui temos
um desses casos em que o esquecimento é totalmente justificável. O livro de Léo
Vaz é uma tremenda maçada! Mesmo sendo de pouco fôlego, fiquei tentado a abandoná-lo
diversas vezes. A ideia de compor uma autobiografia romanceada infelizmente não
vingou em O Professor Jeremias ou, no
mínimo, o livro não envelheceu bem.
De longe
percebe-se o entusiasmo do autor, que investe em recursos literários e procura
surpreender fugindo do convencional. Mas o estilo acaba sendo uma imitação
pouco louvável de Machado de Assis, o que, unindo-se a uma coleção de
narrativas fracas e sensaboronas, forma um livro desinteressante.
Os
primeiros capítulos são os mais palatáveis da obra e prometem um belo
desenvolvimento. Mas quando finalmente o narrador (que é o professor Jeremias)
revela estar escrevendo aquelas memórias para seu filho (Joãozinho), perde-se o
interesse, uma vez que as histórias contadas são uma “seca”, como diria certo
personagem do Eça rs.
Há
certamente valor na crítica social que o autor realiza em sua obra, e que se
faz presente através das memórias relatadas desde a infância de Jeremias até
este tornar-se professor em Ararucá. O narrador irônico e bem-humorado também
chama atenção nesta ou naquela passagem; mas, porque faltasse imaginação ao prosador,
ou porque este se rendesse à veracidade de sua própria vida, o livro como um
todo pouco interesse suscita.
Não nego
que algumas das histórias do Jeremias sejam aproveitáveis. Eu mesmo me diverti
com certos episódios que sustentaram a leitura. Definitivamente a escrita de
Léo Vaz não é ruim. Mas seu incógnito amigo Sadi deveria tê-lo aconselhado a
também deixar em paz a prosa de ficção.
Avaliação: ★★
Daniel Coutinho
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