quinta-feira, 26 de maio de 2022

O Professor Jeremias, de Léo Vaz - RESENHA #184

Léo Vaz (1890-1973) foi um escritor paulista muito apreciado em seu tempo, tendo seu livro de estreia, O Professor Jeremias (1920), recebido grandes elogios por seus contemporâneos. Mas, não fosse a inclusão dessa obra na famigerada Coleção Saraiva, eu certamente não a teria lido, uma vez que, como seu autor, está bastante esquecida, mesmo tendo ganhado uma nova edição em 2001.

Aqui temos um desses casos em que o esquecimento é totalmente justificável. O livro de Léo Vaz é uma tremenda maçada! Mesmo sendo de pouco fôlego, fiquei tentado a abandoná-lo diversas vezes. A ideia de compor uma autobiografia romanceada infelizmente não vingou em O Professor Jeremias ou, no mínimo, o livro não envelheceu bem.

De longe percebe-se o entusiasmo do autor, que investe em recursos literários e procura surpreender fugindo do convencional. Mas o estilo acaba sendo uma imitação pouco louvável de Machado de Assis, o que, unindo-se a uma coleção de narrativas fracas e sensaboronas, forma um livro desinteressante.

Os primeiros capítulos são os mais palatáveis da obra e prometem um belo desenvolvimento. Mas quando finalmente o narrador (que é o professor Jeremias) revela estar escrevendo aquelas memórias para seu filho (Joãozinho), perde-se o interesse, uma vez que as histórias contadas são uma “seca”, como diria certo personagem do Eça rs.

Há certamente valor na crítica social que o autor realiza em sua obra, e que se faz presente através das memórias relatadas desde a infância de Jeremias até este tornar-se professor em Ararucá. O narrador irônico e bem-humorado também chama atenção nesta ou naquela passagem; mas, porque faltasse imaginação ao prosador, ou porque este se rendesse à veracidade de sua própria vida, o livro como um todo pouco interesse suscita.

Não nego que algumas das histórias do Jeremias sejam aproveitáveis. Eu mesmo me diverti com certos episódios que sustentaram a leitura. Definitivamente a escrita de Léo Vaz não é ruim. Mas seu incógnito amigo Sadi deveria tê-lo aconselhado a também deixar em paz a prosa de ficção.

Avaliação: ★★

Daniel Coutinho

***

Instagram: @autordanielcoutinho

SKOOB: http://www.skoob.com.br/usuario/1348798
Escreva para o blog: autordanielcoutinho@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário