segunda-feira, 23 de maio de 2022

A Casa das Romãs (A House of Pomegranates), de Oscar Wilde - RESENHA #183

Não tenho muito a dizer sobre a terceira e última das coleções de histórias de Oscar Wilde, principalmente por ter sido a menos interessante de todas. A Casa das Romãs (1891) segue o mesmo estilo de O Príncipe Feliz e outros contos, funcionando mesmo como uma continuação da primeira coletânea.

Também prevalece em A Casa das Romãs a influência cristã, já perceptível no primeiro conto, “O jovem rei”, que trata da preocupação de um jovem no que se refere à sua coroação, na qual deveria usar um manto de tecido de ouro, uma coroa cravejada de rubis e um cetro com anéis de pérolas. Na sequência, o jovem rei testemunha em sonhos todas as pessoas prejudicadas na obtenção de seus ornamentos reais, o que o leva a desistir de usá-los, causando enorme surpresa entre os cortesãos e o povo.

“O aniversário da infanta” é o conto que faz valer a leitura de A Casa das Romãs. É possivelmente a história mais triste das escritas por Wilde. O enredo chama atenção por ser protagonizado por um “anãozinho”, ressaltando o quanto as pessoas com nanismo são estigmatizadas e encaradas como objeto de entretenimento. Uma das melhores narrativas curtas do autor, sem dúvida.

“O pescador e sua alma”, por sua vez, é a narrativa mais dispensável das escritas pelo autor do Dorian Gray. Trata-se de uma lenda inexplicavelmente longa sobre um pescador que abre mão de sua alma pelo amor de uma sereia. A premissa e as primeiras páginas da narrativa são adoráveis, mas o desenvolvimento é excessivamente maçante.

O conto que encerra o conjunto, “A criança-estrela”, tinha tudo para ser uma excelente história infantil. Mas o autor, não se sabe por qual influência diabólica, irrita propositalmente o leitor no parágrafo final. A narrativa contém uma bela lição de humildade para crianças, podendo ser lida desconsiderando-se o último parágrafo sem nenhum prejuízo.

Tal como considerei na resenha da primeira coletânea, A Casa das Romãs pode também constituir um divertido passatempo, ainda que um pouco inferior (e preferencialmente saltando-se “O pescador e sua alma”). Mas, afinal, ler Oscar Wilde sempre será recomendável aos apreciadores das descrições belas e das reflexões elevadas.

Avaliação: ★★★

Daniel Coutinho

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