Não tenho
muito a dizer sobre a terceira e última das coleções de histórias de Oscar
Wilde, principalmente por ter sido a menos interessante de todas. A Casa das Romãs (1891) segue o mesmo
estilo de O Príncipe Feliz e outros contos, funcionando mesmo como uma continuação da primeira coletânea.
Também
prevalece em A Casa das Romãs a
influência cristã, já perceptível no primeiro conto, “O jovem rei”, que trata
da preocupação de um jovem no que se refere à sua coroação, na qual deveria
usar um manto de tecido de ouro, uma coroa cravejada de rubis e um cetro com
anéis de pérolas. Na sequência, o jovem rei testemunha em sonhos todas as
pessoas prejudicadas na obtenção de seus ornamentos reais, o que o leva a
desistir de usá-los, causando enorme surpresa entre os cortesãos e o povo.
“O
aniversário da infanta” é o conto que faz valer a leitura de A Casa das Romãs. É possivelmente a
história mais triste das escritas por Wilde. O enredo chama atenção por ser
protagonizado por um “anãozinho”, ressaltando o quanto as pessoas com nanismo
são estigmatizadas e encaradas como objeto de entretenimento. Uma das melhores
narrativas curtas do autor, sem dúvida.
“O pescador
e sua alma”, por sua vez, é a narrativa mais dispensável das escritas pelo
autor do Dorian Gray. Trata-se de uma
lenda inexplicavelmente longa sobre um pescador que abre mão de sua alma pelo
amor de uma sereia. A premissa e as primeiras páginas da narrativa são
adoráveis, mas o desenvolvimento é excessivamente maçante.
O conto que
encerra o conjunto, “A criança-estrela”, tinha tudo para ser uma excelente
história infantil. Mas o autor, não se sabe por qual influência diabólica,
irrita propositalmente o leitor no parágrafo final. A narrativa contém uma bela
lição de humildade para crianças, podendo ser lida desconsiderando-se o último
parágrafo sem nenhum prejuízo.
Tal como
considerei na resenha da primeira coletânea, A Casa das Romãs pode também constituir um divertido passatempo,
ainda que um pouco inferior (e preferencialmente saltando-se “O pescador e sua
alma”). Mas, afinal, ler Oscar Wilde sempre será recomendável aos apreciadores
das descrições belas e das reflexões elevadas.
Avaliação: ★★★
Daniel Coutinho
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