segunda-feira, 23 de maio de 2022

O Príncipe Feliz e outros contos (The Happy Prince and other tales), de Oscar Wilde - RESENHA #181

Meu primeiro contato com Oscar Wilde foi durante a faculdade, quando tive que ler O Retrato de Dorian Gray para um trabalho acadêmico. Fiquei bastante impressionado com o estilo do autor, cuja preocupação artística, sempre evidente, seduzia-me durante a leitura. A beleza da prosa de Wilde motivou-me a conhecer seus outros escritos, mas só recentemente pude ler as três coletâneas de contos lançadas em vida do autor.

O Príncipe Feliz e outros contos (1888) revelou-me, contudo, uma faceta de Wilde que eu ignorava. A coletânea reúne cinco contos infantis impregnados de virtude e moralidade, porém, sem perder de vista a criticidade tão comum ao autor do Dorian Gray. Além disso, outro fator digno de atenção é a influência cristã presente nessas histórias.

A aura de contos de fada presente em toda a coletânea não impede que o estilista irlandês faça uso do pessimismo e melancolia tão comuns à escola romântica. As histórias, de modo geral, não são felizes, mas deixam uma mensagem pautada nos valores da boa conduta.

Em “O príncipe feliz”, por exemplo, uma estátua de ouro e uma andorinha sacrificam-se pelo bem do próximo. Se tal gesto resulta positivamente, por outro lado, em “O rouxinol e a rosa”, o sacrifício empreendido acaba sendo inútil, já que os esforços do pássaro para ajudar um estudante são invalidados ao final do conto.

Se Deus é citado em “O príncipe feliz”, a figura de Cristo é que aparece em “O gigante egoísta”, um conto sobre transformação. Na história, a pureza das crianças, principalmente a de um “menino especial”, combaterá o egoísmo de um gigante ranzinza e solitário.

“O amigo devotado” é outro exemplo de conto que reflete a atenção que devemos ter para com aqueles que são alvo de nossa nobreza. É mais uma história onde o sacrifício é questionável. Quanto a “O foguete notável”, que encerra a coletânea, temos nele uma crítica bem-humorada à vaidade humana e suas frivolidades.

Estas fábulas wildianas, conquanto também possam ser apreciadas por adultos, não me deslumbraram como ocorreu com o Dorian Gray. É possível que tivessem me agradado mais na adolescência ou até na infância, desde que sob a supervisão de um adulto. Mas certamente não deixam de constituir um exercício saudável para passar o tempo.

Avaliação: ★★★

Daniel Coutinho

***


Instagram: @autordanielcoutinho
SKOOB: http://www.skoob.com.br/usuario/1348798
Escreva para o blog: autordanielcoutinho@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário