Comecei a
ler Júlio Verne por aquela que talvez seja sua obra mais conhecida: A Volta ao Mundo em 80 Dias. Lembro de
ter me divertido bastante com esse livro, que me agradou em diversos aspectos,
deixando-me curioso para ler outros trabalhos do autor. Mas, agora que isso
finalmente aconteceu, veio a decepção rs.
Confesso que
minhas expectativas para a leitura de Miguel
Strogoff (1876) estavam altas, mas o livro esteve muito longe de
alcançá-las. Eu estava confiante de que a leitura entraria facilmente para as
melhores do ano, mas infelizmente o livro não funcionou para mim, pois o achei
arrastado e excessivamente descritivo.
Os dois
primeiros capítulos já haviam me prevenido de que o livro não cairia na minha
graça, mas eu sou daquele tipo de leitor insistente e curioso que acredita que
o capítulo seguinte será fantástico e que o autor acabará entregando algo que
fará todo o resto valer a pena.
A entrada de
Nádia no romance torna tudo menos pior, mas achei que a personagem foi um tanto
desperdiçada dentro da obra. Claro que ela rendeu ótimos momentos, mas
certamente poderia ter sido melhor aproveitada. O mesmo vale para outros
personagens, como Ivan Ogareff, o vilão; a cigana Sangarra; dentre outros.
O enredo traz
como pano de fundo a invasão da Rússia pelos tártaros, liderados por Ivan
Ogareff, um antigo coronel russo que havia sido exilado após se envolver em
maquinações secretas. Como os tártaros interrompessem as comunicações
telegráficas, o czar decide enviar um mensageiro ao grã-duque da Sibéria, para
preveni-lo dos ataques dos invasores e da traição de Ivan Ogareff.
Miguel
Strogoff é escolhido para ser o correio do czar. Sua missão é percorrer uma
distância de mais de cinco mil quilômetros, saindo de Moscou com destino a
Irkutsk. O grande desafio, além de passar por terras invadidas, é manter-se
incógnito. Para tanto, ele assume uma identidade falsa e priva-se de ver sua
mãe durante o trajeto, tudo para não ser reconhecido.
A partir
daí, acompanhamos essa longa jornada que, claro, é repleta de episódios
perigosos, mas também de várias passagens monótonas. Além de minuciosas
descrições das cidades por onde passa o herói, há capítulos em que não saímos
de uma condução ou de intermináveis caminhadas. Se o autor pretendia provocar
no leitor o enfado de uma longa viagem, o objetivo foi alcançado com máximo
êxito.
Miguel Strogoff não é um livro ruim e certamente tem seus bons momentos, mas
infelizmente não conseguiu me envolver. Há diversas situações improváveis que
subestimam a inteligência do leitor, sobretudo uma reviravolta milagrosa que se
dá no desfecho da trama. Além de Nádia, uma dupla de jornalistas, um inglês e
um francês, também melhoram diversos capítulos, rendendo as passagens mais
engraçados do romance.
Em resumo, a
premissa de Miguel Strogoff é
excelente para um romance de aventuras. A condução que o autor faz dessa trama
é que, a meu ver, ficou a desejar. É daqueles casos em que uma adaptação mais
compacta acaba tendo resultados mais positivos.
Avaliação: ★★★
Daniel Coutinho
***
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