A feliz
experiência que tive com O Jardim Secreto,
da inglesa Frances Hodgson Burnett, levou-me a querer conhecer outros títulos
da autora. Seguindo o caminho mais óbvio, escolhi A Princesinha (1905) como próxima leitura. E, mais uma vez, Frances
me mostrou o que é literatura infantil de alta qualidade.
A primeira
versão deste clássico saiu com o título Sara
Crewe (1888) em formato de conto. Os editores de Frances, no entanto,
sugeriram um desenvolvimento melhor para a irresistível história da orfãzinha,
o que resultou no livro que temos hoje, publicado mais de quinze anos depois em
formato de romance.
A Princesinha, tal como O Jardim Secreto, é
uma narrativa que explora valores como bondade, generosidade e esperança. Cada
capítulo é uma espécie de lição que nos leva a refletir na riqueza que são os
bons sentimentos. Sara é uma criança tão perfeita, que chega a ser difícil
admitir sua existência, mas, ao longo do livro, acabamos conhecendo seu lado
frágil em momentos de vulnerabilidade.
Sara é uma
menina rica, filha do capitão Crewe, um importante negociante indiano. Órfã de
mãe, aquela filha única sempre teve de tudo, sendo mimada pelo pai nos mínimos
detalhes; mas, por conta dos negócios, o capitão decide matriculá-la num
renomado colégio interno em Londres. A senhorita Minchin, diretora do
internato, recebe Sara com bastante cordialidade, oferecendo-lhe todos os
confortos disponíveis em sua escola, mas sua conduta é sempre guiada pela
situação financeira avantajada daquele pai tão generoso.
A princípio,
tudo parece correr bem para Sara que, com seu jeito doce e meigo, conquista
muitas amizades, mas também inveja e antipatia de umas poucas garotas. Um
funesto acontecimento, porém, muda a posição social de Sara do dia para a
noite, transformando-a de princesinha em pobre serviçal. A repentina mudança
gera um grande desafio para ela, que precisará adaptar-se a um novo cenário nada
convidativo, mas que se tornará suportável graças ao poder de sua imaginação.
Lendo A Princesinha, tive o mesmo pensamento
de quando li O Jardim Secreto: “O
mundo inteiro precisa ler e praticar as lições deste livro”. As mensagens
contidas nas obras de Frances não se aplicam somente às crianças. A verdade é
que nós, adultos, carecemos muito mais da aplicação delas em nossas vidas.
É muito
interessante como as páginas d’A
Princesinha conversam com os nossos bons sentimentos. É como se o que há de
melhor em nós reagisse aos episódios do livro, exclamando em nosso interior: “É
isso mesmo! É assim que se faz!”, e desse modo confirmando que também somos
pessoas boas e capazes de fazer o bem.
Livros como O Jardim Secreto e A Princesinha são renovadores de esperança. Eu me refiro à
esperança em nós mesmos. A leitura deles nos faz pensar que, ao invés de
olharmos para a humanidade como juízes, devemos fazer a nossa parte, e isso, de
certa forma, bastará.
Avaliação: ★★★★★
Daniel Coutinho
***
Instagram:
@autordanielcoutinho
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